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Crise no exterior, salário mínimo e teto de gastos: veja principais trechos da entrevista com Paulo Guedes

Ministro da Economia participou de evento com empresários em Belo Horizonte e concedeu entrevista exclusiva à Itatiaia

Ministro da Economia Paulo Guedes garantiu que salário mínimo terá aumento real em 2023

O ministro da Economia Paulo Guedes concedeu uma entrevista exclusiva para a Itatiaia na tarde desta quarta-feira (26), durante sua passagem pela capital mineira para encontro com empresários e industriais.

Guedes classificou como “fake news” as notícias divulgadas nas últimas semanas de que a pasta estuda medidas impopulares caso o presidente Jair Bolsonaro (PL) seja reeleito, como a redução do salário mínimo ou a retirada de gastos com educação e saúde da dedução do imposto de renda.

“Mentira. Uma completa mentira que vem sendo divulgada por pessoas que estão com medo de perder votos. Querem, na verdade, roubar votos da população com essa mentira”, afirma Guedes.

O ministro fez uma palestra para empresários mineiros no Minascentro, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, para analisar o cenário econômico do país e do mundo. Guedes relembrou a infância na capital mineira e falou sobre a boa relação com a Fiemg.

“Estou de volta para casa. Cheguei a BH com 3 anos de idade, morei na rua Eduardo Porto, do lado do Colégio Loyola, depois meu pai fez uma casa na Vila Bicalho, na rua Ludgéro Dolabela, que se dividiu entre o Barroca e o Gutierrez. Durante muito tempo tomei o ônibus ali, veja como era seguro viver naquele tempo, com 7 ou 8 anos, tomava o ônibus na rua e vinha subindo até o grupo Pandiá Calógeras, escola pública. Saí daqui com 22 ou 23 anos, passei ali em frente à faculdade, a UFMG. E aí fui embora, estudar lá fora”, contou Paulo Guedes.

Após o evento, o ministro da Economia Paulo Guedes conversou com a reportagem da Itatiaia. Veja os principais temas:

Salário mínimo e inflação

“Nós garantimos que os aumentos do salário mínimo e das aposentadorias e pensões serão acima da inflação. O governo Bolsonaro garantiu aumentos iguais a inflação mesmo durante a pandemia. Durante a pandemia, o salário mínimo subiu junto com a inflação, o presidente protegeu 68 milhões de brasileiros com o Auxílio Brasil, agora de R$ 600, e protegeu 11 milhões de empregos e criamos novos 17 milhões de empregos. Hoje mesmo saiu um novo dado, mais 278 mil novos empregos. Estamos criando empregos, criando renda, saímos da pandemia, a economia cresceu 4,5% ano passado, vai crescer 3% esse ano, ano que vem vai crescer de novo 3% ou mais, porque os juros estão caindo e a inflação também. Agora, quem está com medo de perder as eleições está roubando a tranquilidade das pessoas. Deixando as pessoas inseguras. Talvez porque quando administraram eles quebraram tudo, eles acham que vai ser assim. Minas Gerais pode estar segura, assim como o resto do Brasil, que vai subir o salário mínimo acima da inflação, que vai subir as aposentadorias, benefícios e pensões acima da inflação. Quem fez isso durante a pandemia, garantindo o poder de compra da moeda, agora vai garantir mesmo, já que a pandemia foi embora”

Henrique Meirelles

“O ex-ministro, aliás, nunca foi ministro porque não é economista, é um excelente administrador, foi presidente do Banco Central e criticou bastante o teto. Construiu um teto mal construído. No primeiro ano eu queria transferir dinheiro para governadores e prefeitos, pela primeira vez estamos com os três níveis de governo no azul: municipal, estadual e federal. Durante todo esse período que estávamos nessa luta terrível contra a pandemia, o ministro toda hora dizia que estávamos furando o teto, que estávamos errados. Ora, a primeira coisa que ele anunciou ontem é que vai furar o teto. Se o construtor do teto já chega avisando que vai furar o teto, está reconhecendo que o teto foi mal construído, que é o que eu estou falando há três anos. No primeiro ano, em 2019, eu queria mais Brasil e menos Brasília, queria transferir dinheiro para estados e municípios. O povo mora na cidade, não adianta ficar no saquinho de dinheiro do ministro. O dinheiro tem que vir para onde o povo está. O teto é tão mal construído que se você quiser diminuir o governo federal, tem que furar o teto”

Teto de gastos

“No terceiro ano, a Constituição manda cumprir o teto, só pode gastar R$ 90 bilhões, o Legislativo manda você obedecer o teto, aí vem o Judiciário e me manda usar R$ 90 bilhões para pagar os precatórios. O teto foi mal construído porque não considerava quando o Judiciário te manda fazer algo diferente. Então, estamos tendo que consertar o teto. E o ex-presidente do Banco Central, que criticou muito esses consertos de teto que nós fizemos, já inaugurou a fala dele dizendo que vai furar o teto”

Cenário externo

“O impacto e o choque nós já levamos, a inflação de alimentos subiu lá atrás, a Ucrânia tem os grãos e a Rússia tem os fertilizantes, então a guerra nos atrapalhou muito. A inflação era para estar bem mais baixa. Primeiro com a Covid, depois quando estamos nos levantando vem essa inflação dos alimentos e essa inflação de energia, foi muito ruim, o Brasil sofreu, mas nossa economia é resiliente e está sendo bem conduzida. Estamos no caminho da prosperidade, reduzindo os impostos, a taxa de juros vai cair no ano que vem, estamos conduzindo as reformas, teremos grandes investimentos em telecomunicações, 5G, saneamento, privatizações de aeroportos e portos, concessões de ferrovias e rodovias, o Brasil é um canteiro de obras, estamos avançando. Temos R$ 900 bilhões contratados. O Brasil vai crescer muito, basta continuar no caminho da prosperidade, agora, se voltar para o caminho da miséria, onde estava antes, tinha parado de crescer, estatais quebradas, era mal conduzido, estava indo no caminho da Venezuela e da Argentina. Tiramos o país desse caminho e o colocamos no caminho da prosperidade. Somos hoje o país que mais cria empregos no mundo. Essa guerra é um perigo para nós? Foi um perigo, mas agora se tornou uma oportunidade. Como o mundo está em turbulência, guerra geopolítica, inflação e recessão, de mau tempo lá fora, o Brasil virou um porto seguro de investimentos. Agora virá uma segunda onda de investimentos, buscando segurança energética para a Europa e segurança alimentar para o mundo. O Brasil está no centro de todos esses eixos”

Mineiro de Urucânia, na Zona da Mata. Mestre em Comunicação pela Universidade Federal de Ouro Preto (2024), mesma instituição onde diplomou-se jornalista (2013). Na Itatiaia desde 2016, faz reportagens diversas, com destaque para Política e Cidades. Comanda o PodTudo, programa de debate aos domingos à noite na Itatiaia.
Editor de Política. Formado em Comunicação Social pela PUC Minas e em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Já escreveu para os jornais Estado de Minas, O Tempo e Folha de S. Paulo.