O ex-juiz federal Sérgio Moro, candidato ao Senado pelo União Brasil do Paraná, é acusado pelo ex-partido, o Podemos, de usar recurso público, vindo do fundo partidário, para beneficiar um amigo, dono de uma consultoria jurídica.
As informações foram reveladas pelo Estadão, a quem o partido disse, ainda, que Moro queria que o “fundão” fosse utilizado para pagar “hábitos de luxo” do candidato, como ‘personal stylist’, alfaiataria, roupas, sapatos e óculos de grife.
O Podemos é o partido comandado pelo ex-senador Álvaro Dias, ex-aliado de Moro e quem disputa a cadeira do Paraná no Senado com o ex-ministro da Justiça de Bolsonaro. De acordo com o Estadão, a legenda ameaça pedir restituição de valores a Moro, na justiça. Ele, por sua vez, afirma que a alta cúpula do Podemos pratica corrupção e lavagem de dinheiro.
“É uma clara prática da velha política. Cortina de fumaça para esconder o principal: os indícios de corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo a alta cúpula do Podemos, encontrados e formalizados no relatório de auditoria que foi revelado pela revista Veja. A falta da tomada de qualquer providência pelos dirigentes e o fim prematuro da auditoria determinaram a minha saída do partido”, respondeu Moro ao Estadão.
O pivô da crise entre Moro e o Podemos seria Luiz Felipe Cunha, primeiro suplente ao Senado na chapa do ex-ministro. Ele é dono de uma consultoria juridica que foi contratada pelo Podemos quando o ex-juiz estava em pré-campanha pelo partido, para elaboração do plano de governo de Moro. De acordo com a legenda, o serviço no valor de R$ 60 mil não foi prestado.
“A despeito de todo e qualquer pedido, o Podemos jamais aceitou pagar qualquer despesa pessoal do senhor Sérgio Moro. Além disso, não admite a manutenção de contratos que não tenham comprovação de execução. A não entrega de relatórios de prestação de serviços foi a razão da suspensão de pagamentos à consultoria do Bella Ciao, cujo sócio é Luis Felipe Cunha, indicado pelo senhor Sérgio Moro como seu assessor direto”, disse o Podemos, em nota enviada ao Estadão.
Fundo partidário
De acordo com informações levantadas pela reportagem da Itatiaia junto à Justiça Eleitoral, a campanha de Moro, pelo União Brasil, declarou ter levantado, até o momento, R$ 2.233.600,77 em receitas para serem utilizadas durante a campanha. Houve apenas uma doação de pessoa física, no valor de R$ 9.000. Todo o restante foi encaminhado pela direção nacional do União Brasil, vindo do chamado “fundo especial”. Até o momento, Moro não registrou gastos de campanha no sistema oficial do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).