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Caso Vini Jr.: congressistas brasileiros vão sugerir ações de combate ao racismo a Espanha e União Europeia

Frente Antirracismo do Legislativo brasileiro estabeleceu cooperação com os Parlamentos Europeu e espanhol a fim de aprimorar legislações

No fim de semana passado, torcida do Flamengo fez homenagem a Vinícius Júnior

A Frente Parlamentar Mista Antirracismo do Congresso Nacional vai debater, com a União Europeia e a Espanha, ações de combate ao racismo nos países do bloco. A cooperação foi iniciada após os recorrentes ataques ao atacante brasileiro Vinícius Júnior, do Real Madrid. O canal de diálogo foi estabelecido por meio do poder Legislativo brasileiro, que será uma espécie de parceiro do Parlamento Europeu e do Parlamento espanhol no aprimoramento de legislações voltadas ao repúdio às discriminações raciais.

Entre os brasileiros que vão dar sugestões aos europeus, está a deputada federal mineira Dandara Tonantzin, do PT. Dias após o último ataque a Vini Júnior, 21 de maio, em ela se encontrou com o embaixador da União Europeia Ignacio Ybáñez, para obter informações a respeito das medidas tomadas pelo bloco para conter o racismo. Houve, ainda, reunião com emissários da representação espanhola no Brasil.

“Em muitos países, o racismo ainda não é crime como no Brasil. Tanto o embaixador da União Europeia quanto a Embaixada da Espanha querem construir pontes com o Brasil para aprimorar e aprender com os avanços que tivemos aqui”, diz ela, à Itatiaia.

No início de maio, Brasil e Espanha chegaram a assinar acordo de cooperação para combater atos discriminatórios como o racismo e a xenofobia. O tratado foi construído por meio de articulação da ministra Anielle Franco, da pasta de Igualdade Racial. Irene Montero, chefe de ministério com atribuições semelhantes no país europeu, concordou com a proposta.

No Congresso Nacional, a Frente Antirracista tem travado debates a respeito de temas como o trabalho análogo à escravidão e os casos de femincídio contra mulheres negras. Dandara coordena os trabalhos do grupo na Câmara dos Deputados.

“O movimento negro brasileiro tem acúmulo muito grande em torno da produção de iniciativas concretas, objetivas, e vamos contribuir muito para esse debate a nível mundial”, acredita a parlamentar.

Falta de responsabilização é entrave

No fim da semana passada, a coalizão antirracista do Congresso promoveu audiência pública para debater a discriminação racial no esporte. Marcelo Carvalho, diretor do Observatório da Discriminação Racial no Futebol, apontou falhas na efetividade da legislação destinada a combater a discriminação.

“No Brasil, temos leis que conseguem - ou que conseguiriam - punir os racistas dentro e fora dos estádios. O que a gente percebe nesse momento é a falta de punição, é a falta de responsabilização dos envolvidos, é a falta de responsabilização dos clubes e federações”, assinalou.

Graduado em Jornalismo, é repórter de Política na Itatiaia. Antes, foi repórter especial do Estado de Minas e participante do podcast de Política do Portal Uai. Tem passagem, também, pelo Superesportes.