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Emenda feita por Dino em 2010 baseou decisão do TSE de cassar Deltan

Quando era deputado federal, ministro da Justiça inseriu, na Lei da Ficha Limpa, dispositivo que trata de processos administrativos respondidos por integrantes do Ministério Público

O ministro da Justiça, Flávio Dino

O ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB), é o autor da emenda à Lei da Ficha Limpa que baseou a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de cassar o mandato parlamentar Deltan Dallagnol (Podemos-PR), eleito deputado federal no ano passado. Em 2010, quando era um dos integrantes da Câmara dos Deputados, Dino propôs mecanismo para impedir candidaturas de integrantes do Ministério Público que deixem a carreira pública com processos administrativos em aberto.

Foi por causa de procedimentos instaurados pelo Ministério Público Federal do Paraná (MPF-PR) que, nessa terça-feira (16), Deltan perdeu o cargo de deputado. Ex-procurador da República, ele foi acusado por PT, PCdoB, PV e PMN de pedir demissão do MPF enquanto tramitavam apurações no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) por causa de sua conduta durante a Operação Lava-Jato.

No Twitter, Dino comentou a decisão do TSE. “Pois é. É da minha autoria, quando deputado federal, a emenda que em 2010 determinou a aplicação da Lei da Ficha Limpa a magistrados e membros do Ministério Público. Mas juro que não viajo no tempo, antes que disso me acusem”, escreveu.

O caso de Deltan Dallagnol está previsto no artigo 2º da Lei Complementar 135, que entrou em vigor em junho de 2010, e prevê inelegibilidade de oito anos.

“Os magistrados e os membros do Ministério Público que forem aposentados compulsoriamente por decisão sancionatória, que tenham perdido o cargo por sentença ou que tenham pedido exoneração ou aposentadoria voluntária na pendência de processo administrativo disciplinar, pelo prazo de 8 (oito) anos”, lê-se em trecho da legislação.

‘Sentimento de indignação’

Nas redes sociais, Deltan protestou contra a decisão da Justiça Eleitoral.

“Meu sentimento é de indignação com a vingança sem precedentes que está em curso no Brasil contra os agentes da lei que ousaram combater a corrupção. Mas nenhum obstáculo vai me impedir de continuar a lutar pelo meu propósito de vida de servir a Deus e ao povo brasileiro”, publicou.

Graduado em Jornalismo, é repórter de Política na Itatiaia. Antes, foi repórter especial do Estado de Minas e participante do podcast de Política do Portal Uai. Tem passagem, também, pelo Superesportes.