Quase oito anos após o rompimento da barragem da Samarco, em Mariana, na região Central de Minas Gerais, a Assembleia Legislativa criou uma comissão para acompanhar as tratativas do acordo de reparação da tragédia. O deputado Ulysses Gomes (PT) foi eleito presidente do órgão colegiado e o deputado Jean Freire, do mesmo partido, foi escolhido vice.
Gomes afirmou que a comissão vai defender que o valor da reparação de Mariana supere os R$ 38 bilhões do acordo de Brumadinho, firmado entre a Vale e o Governo de Minas em 2021.
“O impacto foi muito maior. Claro que a imagem de Brumadinho, que teve muito mais mortos, tem um impacto. Não vou comparar por mortes, mas pela dimensão, o número de cidades que ela impactou, do impacto socioambiental, tem um aspecto econômico muito maior”, afirmou. “Será cobrado tanto no valor como no prazo para o acordo ser implementado. Não podemos aceitar um acordo pago em 20 anos”, completou.
A comissão já marcou uma próxima reunião para esta quinta-feira (16). O parlamentar afirmou que os deputados vão cobrar respostas e celeridade na condução das tratativas.
“A abertura dessa comissão tem compromisso de agilizar os trabalhos e, nada mais coerente, ter uma reunião no dia seguinte já para votarmos os requerimentos”, afirmou.
A comissão garantiu que vai convocar representantes da Samarco e das controladoras Vale e BHP Billiton, além da Renova, fundação criada pelas mineradoras para reparar os estragos causados pelo rompimento. A tragédia deixou 19 mortos e causou um rastro de destruição socioambiental ao longo da bacia do Rio Doce, que chegou até o litoral do Espírito Santo.
A Itatiaia questionou a Renova sobre a intenção da comissão de defender um acordo superior a R$ 38 bilhões e se ela irá enviar representantes nas audiências na Assembleia, mas a Fundação limitou-se apenas a dizer que permanece empenhada na reparação da tragédia.
Já a Samarco afirmou que permanece aberta ao diálogo sobre a reparação integral dos danos causados pelo rompimento da barragem de Fundão. A mineradora garante que mais de quatrocentas mil pessoas já foram indenizadas e R$ 28 bilhões foram gastos em ações da empresa.