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Auxílio Brasil de R$ 600: como fica o pagamento do benefício no orçamento de 2023

Equipe de transição do governo Lula negocia com Congresso continuidade do pagamento do Auxílio Brasil

Equipe de transição do governo eleito negocia pagamento do benefício fora do teto de gastos

Promessa de campanha dos dois candidatos que foram ao segundo turno das eleições presidenciais no último domingo (30), o pagamento do Auxílio Brasil (ou Bolsa Família, como já está sendo chamado no Congresso Nacional) no valor de R$ 600 mobiliza as primeiras discussões no Congresso Nacional.

Na semana seguinte à eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para o seu terceiro mandato, coube ao vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB) abrir as discussões sobre a inclusão do pagamento do benefício - pago a 21,6 milhões de famílias - com deputados e senadores.

Pelo Projeto de Lei do Orçamento Anual (PLOA) encaminhado neste ano pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) e seu ministro da Economia, Paulo Guedes, só há previsão de pagamento de R$ 405 para o Auxílio-Brasil. Durante a campanha, Bolsonaro se defendeu, dizendo que a diferença - de R$ 195 por beneficiário - seria “acertada” junto ao Congresso Nacional. Para isso, ainda faltam cerca de R$ 70 bilhões.

Leia também: PT rebate críticas sobre gastos extras para Auxílio-Brasil, merenda e Farmácia Popular

A primeira missão do novo governo é azeitar a aprovação de um gasto extraordinário, ou seja, que fuja do “teto de gastos”, para conseguir manter o pagamento do auxílio nos moldes do que é feito hoje, já que, na prática, o valor de R$ 600 tem prazo para terminar: 31 de dezembro de 2022.

PEC da Transição

A primeira proposta, levada a cabo por Alckmin e outros aliados de Lula ao Congresso Nacional, é a criação da chamada PEC da Transição, uma Proposta de Emenda à Constituição que permitiria ao novo governo garantir um aval para o pagamento do Bolsa Família no valor de R$ 600, bem como o custeio de outros programas e benefícios sociais, como o Farmácia Popular, a construção de casas populares ou o aumento no valor da merenda escolar - cortados na PLOA enviada por Bolsonaro e Guedes ao Congresso no meio deste ano.

Alckmin defende a proposta e disse que os detalhes serão discutidos em uma reunião na próxima terça-feira (8).

“A preocupação é manter o Bolsa Família de R$ 600 para pagá-lo em janeiro. Para isso, temos a necessidade de ter essa autorização até 15 de dezembro”, disse na última quinta-feira (3).

“Temos que ver todas as possibilidades que temos para viabilizar o que foi contratado nas urnas. Não podemos entrar em 2023 sem o auxílio emergencial, o aumento do salário mínimo. Acredito que o Congresso terá sensibilidade e está analisando as possibilidades para entregar ao povo brasileiro o que foi contratado no processo eleitoral”, avaliou a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffman, em coletiva de imprensa nesta sexta-feira (4).

‘Pacificado’

Uma das primeiras reuniões de Alckmin em Brasília nesta semana foi com o senador Marcelo Castro (MDB-PI), relator do Orçamento no Senado. Segundo ele, o pagamento de R$ 600 para o Bolsa Família (como ele mesmo chama o programa de transferência de renda) está “pacificado”.

“Eu tenho uma postura conservadora para fazer o mínimo possível para adaptar e cumprir as demandas do novo governo. Bolsa Família de R$ 600 é coisa pacificada. Não há como essas famílias que estão recebendo esse valor, quando chegar em janeiro receber o cartão lá com só R$ 400. Não tem como. Vamos ter que atender agora neste orçamento”, afirmou.

Editor de política. Foi repórter no jornal O Tempo e no Portal R7 e atuou no Governo de Minas. Formado em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), tem MBA em Jornalismo de Dados pelo IDP.