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TSE multa advogado que usou ChatGPT para fazer petição

Ele terá de pagar R$ 2.400 por utilizar inteligência artificial para redigir documento para ação no TSE

Advogado fez petição com argumentos fornecidos pelo ChatGPT

Argumentos redigidos pelo ChatGPT foram usados por um advogado, que não teve a identidade revelada, como justificativa para participar do processo em que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) avalia a conduta de Jair Bolsonaro (PL) na reunião com embaixadores, realizada em 2022, em que criticou o sistema eleitoral. Ele não é ligado a nenhuma parte da investigação.

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O profissional pediu para participar como “amicus curiae“ — termo jurídico para amigo da Corte, um interessado que contribui com esclarecimentos para o julgamento de uma causa. Benedito Gonçalves, ministro do TSE, considerou que o advogado agiu de má-fé e decidiu multá-lo em R$ 2.400. A penalidade deve ser paga em 30 dias.

Ao avaliar a petição, Gonçalves a considerou uma “fábula”. “Causa espécie que o instituto [amicus], que exige que o terceiro demonstre ostentar representatividade adequada em temas específicos, tenha sido manejado por pessoa que afirma explicitamente não ter contribuição pessoal a dar e, assim, submete ao juízo uma fábula, resultante de conversa com uma inteligência artificial”, descreve.

O documento ainda aponta que seria inadequado o TSE seguir as orientações de um programa de inteligência artificial. Além disso, afirma que a “inteligência emocional da Constituição cidadã” recomendaria a condenação de Bolsonaro à inelegibilidade.

O ministro reforça que o profissional, por ser da área jurídica, sabia que a petição era inadequada, já que uma resolução do TSE não prevê amicus curiae em processos eleitorais. “Ademais, expressões utilizadas ao final da petição deixam entrever o objetivo de que, com a juntada dessa manifestação a autos de grande relevo, o protesto ganhasse palco impróprio.”