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Cientistas da USP programam robôs para interagirem com idosos

Inteligência artificial pode melhorar desenvolvimento cognitivo e depressão em idosos

Robôs podem interagir e auxiliar humanos

Idosos podem, em breve, ter a companhia de robôs que os auxiliem em atividades cotidianas. Um grupo de pesquisadores de Sistemas de Informação e Gerontologia da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da Universidade de São Paulo (USP) tem desenvolvido estudos para tornar isso possível. O grupo reúne especialistas em programação de robôs e profissionais que atuam na interação com idosos.

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Com as aplicações adequadas, os dispositivos simulam ações humanas e podem ajudar no engajamento social e na qualidade de vida de idosos com problemas cognitivos e depressão. Os profissionais atuam em três projetos. O primeiro envolve idosos com grau leve de demência em casas de repouso: as máquinas seriam usadas para ajudar em seu desenvolvimento cognitivo por meio de atividades lúdicas. “Esperamos ver melhora no engajamento cognitivo do idoso pela interação com o robô", diz Marcelo Fantinato, integrante do grupo de pesquisa, em entrevista ao Jornal da USP.

Outra opção é que os robôs ajudem idosos depressivos que moram sozinhos. Com tarefas lúdicas e protocolos adequados, o dispositivo avaliaria o grau de depressão do indivíduo. “O robô indica o nível da doença de forma preliminar e, com isso, pode-se encaminhar o paciente aos devidos cuidados, incluindo a confirmação do diagnóstico”, aponta Fantinato.

Ainda são necessários ajustes para que seja possível conviver em segurança e autonomia com o robô. “Por enquanto, estamos testando funcionalidades que implementam essas atividades”, explica. A previsão é que os testes sejam finalizados em 2023 para que seja iniciado o contato da inteligência artificial com os idosos nos laboratórios da EACH.

O terceiro projeto busca entender o nível de confiança com a tecnologia e a inserção dela no dia a dia do idoso. “O resultado desse estudo pode interferir nos demais, porque a gente pode concluir que os idosos não confiam nos robôs e, então, seria preciso buscar aumentar essa confiança.”

Sarajane Marques Peres, integrante do grupo de pesquisa da EACH, conta que a receptividade dos idosos é variável. “Tivemos dois tipos de reações: uma muito positiva, com as pessoas querendo ter os robôs em casa, e outra menos positiva, dizendo que eles não substituem relações humanas”, conta ela em entrevista ao Jornal da USP.

O projeto usa robôs da Asus e da Human Robotics. “Como a Human Robotics é brasileira, a interação e autonomia são maiores. Se temos algum problema, ela ajuda a arrumar”, destaca Sarajane. Ela avalia que pode haver mudança de sentimento em relação aos dispositivos no decorrer do projeto. “No começo, é legal por ser uma novidade. E depois isso pode mudar”, pondera.

As empresas que gerenciam os dados garantem a proteção das informações a quem utilizar os robôs. “Há o compromisso de não divulgar os dados. Quando a companhia nos dá o serviço de armazenamento da informação, ela tem esse protocolo de proteção”, explica Sarajane. Para ela, a pesquisa busca atuar no contexto brasileiro e preparar a sociedade. “Se nós não educarmos e criarmos as situações, elas vão ser impostas por outra cultura.”