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Erro em app do iPhone leva SWAT a invadir casa de idosa de 77 anos

Ferramenta indicou a localização do aparelho e polícia revistou o local em busca de itens roubados

Ruby Johnson não se sente mais segura em casa

Ruby Johnson, de 77 anos, estava em sua casa em Denver, no Colorado (EUA), assistindo à televisão vestida de roupão, gorro e chinelos quando uma equipe da SWAT chegou e usou um megafone para pedir que ela saísse com as mãos para cima. Os policiais confundiram a localização de Ruby com a de um criminoso que roubou um caminhão branco do Texas.

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O erro foi do aplicativo Find My Phone, da Apple. A SWAT chegou com veículos blindados, rifles, equipamentos táticos e um pastor alemã. Além disso, o grupo usou um aríete para arrombar a porta da garagem — apesar de Ruby ter dado instruções de como abri-la — e causou danos dentro da casa. Após horas de buscas, a equipe não achou nada e deixou a casa da idosa.

Os policiais procuravam itens do caminhão roubado: quatro revólveres semiautomáticos, um rifle tático de estilo militar, um revólver, dois drones, US$ 4 mil em dinheiro e um iPhone 11. Enquanto eles revistavam o imóvel em busca desses objetos, Ruby esperava no carro da polícia. Mark Silverstein, advogado da vítima e diretor jurídico da União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU) do Colorado, diz que o mandado não deveria ter sido solicitado pelo detetive Gary Staab.

Silverstein destaca que “o detetive não tinha os fatos necessários para justificar a busca”. “Seu supervisor deveria ter vetado. O promotor distrital não deveria ter dado sinal verde. O juiz não deveria ter aprovado e a equipe da SWAT deveria ter ficado em casa”, pontua. Staab é o único réu nomeado no processo que Ruby move contra a ação em sua casa.

Detetive foi precipitado

Jeremy McDaniel, dono do caminhão roubado, disse a Staab que havia localizado o celular roubado duas vezes com o app Find My Phone e o endereço era o de Ruby. A ferramenta indica a localização aproximada de um dispositivo.

Staab aceitou a alegação de McDaniel e não tentou localizar o aparelho. O processo alega que o aplicativo “não é uma ferramenta de aplicação da lei”. A área apresentada como localização possível do iPhone inclui pelo menos seis imóveis e quatro blocos.

O pedido esclarece que a captura de tela não oferece base para acreditar que o iPhone roubado estava na casa de Ruby e não nas propriedades vizinhas ou descartado em uma rua próxima. Três horas após a entrevista com McDaniel, a equipe de SWAT chegou ao gramado da idosa.

Após o ataque, a vítima disse que “não suporta ficar em casa”. O episódio causou “severo sofrimento físico e emocional” à idosa. “A privacidade, a sensação de segurança e a paz de Ruby em sua casa foram destruídas desde que o local se tornou palco de uma investigação criminal militarizada.”

Ela morou uma semana com a filha e, depois, passou alguns meses na casa do filho, em Houston, no Texas (EUA). Agora, ela voltou para casa, mas já pensa em se mudar: ela diz que sente ansiedade por morar sozinha e tem medo de atender à porta.