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Investimento em Ciência e Tecnologia deve ser retomado no governo Lula

Interesse pelo presidente eleito foi recorde no domingo (30), aponta Google Trends

Plano de governo do presidente Lula promete mais investimento em Ciência e Tecnologia

Brasil, Portugal, Uruguai, Paraguai e Argentina. Todos esses países tiveram algo em comum no domingo (30): o interesse pelo nome do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. Os dados são do Google Trends, que mostra interesses de busca em todo o mundo desde 2004.

O pico das pesquisas foi registrado às 19h56 de domingo, pouco depois de ele ter sido confirmado como eleito pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O movimento não é inédito: desde 2004, o interesse por Lula aumenta em momentos decisivos:

  • na reeleição para presidente, em 2006;

  • quanto teve a nomeação para ser ministro do Governo Dilma suspensa, em 2016;

  • na prisão por acusação de corrupção, em 2018;

  • na saída da prisão, em 2019;

  • na anulação das condenações, em 2021.

O interesse internacional foi acompanhado de perguntas em inglês sobre o político. Veja, a seguir, as principais delas (com tradução livre para português):

  1. Quem é Lula?

  2. Qual é a idade de Lula?

  3. Lula é corrupto?

  4. Lula é comunista?

  5. Lula é socialista?

Na semana passada, uma publicação de Casimiro no Twitter se tornou a mais curtida do Brasil. Só que ela ficou pouco tempo nessa posição: com todos os olhos voltados para Lula, um post em sua conta oficial no domingo, logo após a confirmação de que ele havia sido eleito presidente, agora é o recordista. A mão esquerda de Lula aparece sobre a bandeira do Brasil, com o título “Democracia”. Até agora, já são 1,6 milhão de curtidas.

Valorização da ciência e da tecnologia

Com a vitória de Lula, há expectativa de retomada de investimentos em Ciência e Tecnologia. Segundo seu plano de governo, esses segmentos “têm caráter estratégico e central para o Brasil se transformar em um país efetivamente desenvolvido e soberano, no caminho da sociedade do conhecimento”.

Desde 2019, essas áreas passaram por cortes e congelamento de recursos. Apenas em 2022, a redução foi da ordem de R$ 1,7 bilhão. Para 2023, o orçamento aprovado prevê mais 21% de redução.

O plano de governo de Lula promete “recompor o sistema nacional de fomento do desenvolvimento científico e tecnológico”. Além disso, afirma que é necessário “fortalecer o Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (SNCTI) para que a sociedade usufrua dos benefícios do processo de geração de conhecimento”.

Outra proposta envolve “o uso de inteligência artificial, biotecnologia e nanotecnologia em processos produtivos sofisticados com maior valor agregado”, bem como “assegurar internet de qualidade em todo território nacional”. Não há, entretanto, detalhes sobre o tipo de conexão, o público, os custos e os prazos.

Ao Tilt, Renato Janine Ribeiro, presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), diz que o setor de ciência e tecnologia confia em Lula como presidente. “Na eleição de 2002, não acreditávamos e víamos com certa desconfiança. Em 2006, vimos que a parceria com CNPq e Capes estavam sendo bem trabalhadas, com o fortalecimento do setor.”

Já Hugo Aguilaniu, do Instituto Serrapilheira, destaca que Lula propõe voltar à normalidade. “Isso é bom. Lula entende que precisa recompor o orçamento de Ciência e Tecnologia. O CNPq deve ter um orçamento digno e a Capes financiar as bolsas”, aponta. “Estamos num momento devastador, com universidades desligando as luzes para economizar. (...) Lula sempre teve carinho pela Ciência. Ele não é cientista, não entende de Ciência, mas dava importância aos ministros da área, que sempre tinham contato privilegiado com ele. Isso dá esperança.”

Helena Nader, pesquisadora e presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC) considera que recompor os cortes já demonstra valorização da área. “A proposta do presidente vai no sentido de valorizar a Ciência, como fez em seus governos anteriores”, avalia. “Uma grande diferença é a visão que cada um tem do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT): Lula descontingenciou 100% dos recursos e Bolsonaro o contingenciou por 5 anos.”