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Deepfakes estão cada vez mais sofisticados; veja como identificá-los

É fundamental ter senso crítico, sempre desconfiar e verificar informações que pareçam manipuladas

Tecnologia eleva notícias falsas a outro patamar

A quantidade de informação falsa ou enganosa na internet aumenta todos os dias. E o avanço da tecnologia ajuda na criação de conteúdo que parece cada vez mais real — até mesmo em vídeo e áudio, como permitem os deepfakes.

Essa técnica, que, em português, poderia ser traduzida como “mentira profunda”, permite a criação de material com inteligência artificial a partir de arquivos reais. A tecnologia funde, combina, substitui ou sobrepõe áudios e imagens para obter conteúdos falsos — em geral, para fazer parecer que alguém teve determinadas atitudes.

Nesse sentido, o deepfake é uma grande ameaça, uma vez que contribui para a desinformação. O aperfeiçoamento dessa técnica, além de distorcer a realidade, vai dificultar a identificação de mentiras. O método é o contraponto do shallowfake (a “mentira rasa”), quando o conteúdo é manipulado sem inteligência artificial com uma edição simples para alterar o contexto. Ambas as estratégias são usadas para confundir.

Com ferramentas que facilitam a criação de deepfakes, os casos mais recentes foram identificados ainda durante o primeiro turno das Eleições 2022. Um deles, alterou a fala Renata Vasconcellos, apresentadora do Jornal Nacional, para apresentar dados de uma pesquisa falsa de intenção de votos.

O outro apresentador do mesmo jornalístico foi vítima da técnica Text to Speech (TTS), que permite criar áudios artificiais a partir de conteúdo em texto com base em um banco de dados de áudios. O material usa a voz de William Bonner para chamar candidatos a presidente de “bandidos”. O site Comprova demonstrou que o material era falso. Ambos os deepfakes foram distribuídos em campanhas de desinformação em redes sociais.

Além da desinformação relacionada à política, os deepfakes costumam ser usados em montagens — principalmente de mulheres — de cunho sexual. A atriz Gal Gadot e a cantora Anitta, por exemplo, já foram vítimas.

Como detectar manipulação?

Apesar de ser cada vez mais difícil identificar a manipulação nesses vídeos, algumas estratégias podem ser úteis. Observe, por exemplo, o sincronismo da fala com os lábios, se o olhar parece perdido e se a tonalidade da pele varia. Nesse caso, o senso crítico é fundamental: vale sempre desconfiar e confirmar mensagens recebidas.

Ainda não existe regulamentação legal para este tipo de recurso, mas alterações para prejudicar ou difamar alguém podem ser enquadradas como calúnia, difamação e injúria, de acordo com o Código Penal. Outras previsões legais incluem a falsificação de documento particular, a falsidade ideológica e a invasão de dispositivo informático.