Belo Horizonte recebeu na última semana a 4ª edição do Mesa Ao Vivo Minas Gerais. Através do tema “Minas e o futuro: a evolução da cozinha do afeto”, o circuito gastronômico de escala nacional celebrou a gastronomia mineira ao reunir grandes chefs e especialistas do ramo gastronômico.
"É um prazer receber o Mesa Ao Vivo aqui na capital mineira. É o maior circuito da gastronomia do Brasil e reúne grandes nomes em torno de um tema que é muito importante para Minas Gerais”, disse o produtor cultural e correalizador do evento, Marcelo Wanderley. Em dois dias de evento, 30 aulas-show com expoentes da cozinha mineira, como Léo Paixão, Ivo Faria e Caio Soter, além de nomes como Heaven Delhaye, Dário Costa e Jimmy McManis.
“Participar do Mesa, para mim, é maravilhoso. Quando era bem mais nova eu ia para todos, assistia todas as aulas, via todas as palestras, tentava falar e tira foto com todos os chefs”, destacou a chef Heaven Delhaye. Finalista do MasterChef Profissionais 2018, ela chefia os restaurantes D’Heaven, Heaven Cucina e Nonna Per Heaven. “A experiência de poder retribuir um pouco do que a gente aprendeu, nossa vivência gastronômica é realmente maravilhosa”, disse a chef, que homenageou Minas e as raízes italianas com um nhoque fresco, acompanhado por um fondant de queijos mineiros.
“Uma das coisas mais importantes de estar em BH é que a capital e Minas como um todo é um dos grandes berços da gastronomia do Brasil”, explicou o chef Jimmy McManis, conhecido como Jimmy Ogro. “Todo mundo veio procurar ouro e acabou misturando e construindo essas histórias todas. Isso falando do século 17, a gente tá no século 21, olha a quantidade de histórias que são construídas ao longo de 400 anos de receitas e pessoas se misturando, cozinhando e provando”, completou.
Exemplificando a importância das diversas técnicas e ingredientes presentes na cozinha mineira, Jimmy preparou um tutu mineiro com feijão vermelho, trazendo também a característica carne de porco, quase onipresente em seus pratos. Quem trouxe um toque próprio para o evento foi o ex-MasterChef e campeão do Mestres do Sabor 2020, Dário Costa. Na aula-show, o chef preparou um peixe com “escamas” de banana, destacando as bases clássicas e afetivas da cozinha com criatividade.
“O Brasil é, sem dúvidas, um país multicultural. A gente tem diversas caras de Brasil e a gastronomia se reflete nisso também. Minas tem uma cara, uma assinatura muito específica”, destacou Dário. “A cozinha remete à afetividade. Você tentar trazer isso mais pro lado caseiro, da afetividade, é o caminho para a cozinha”, concluiu o chef.
Sediado no prédio centenário que abriga o Colégio e a Faculdade Arnaldo, o evento promoveu uma conexão entre alunos do curso de gastronomia e importantes nomes da cozinha brasileira. “Nós estamos muito felizes em ter conseguido trazer o evento para a Faculdade Arnaldo. Unir cultura, gastronomia e arquitetura faz toda a diferença”, frisou o coordenador da Faculdade Arnaldo e chef, Petterson Tonini. “Nosso curso de gastronomia é um curso novo, que começou em 2020, mas está ganhando projeção. Receber chefs tão importantes, relevantes para o cenário gastronômico brasileiro e mineiro é muito gratificante”.
Para além das aulas-show, o evento também proporcionou um intercâmbio entre produtores locais e nomes da gastronomia brasileira através de degustações e exposições. “O Mesa, tendo posição nacional e trazendo chefs renomados nacionalmente, valoriza demais todos os nossos produtos, todos os produtores”, disse Katya Salomão, responsável pelos azeites premiados da marca Kochen Azeites.
“Fazemos pequenos biscoitinhos e a gente ganhou um prêmio como o melhor de Minas Gerais no Festival da Quitanda em Congonhas com nossos casadinhos. A gente está no mercado há 14 anos e o meu sonho era conhecer de perto chefs como Léo Paixão”, contou Janira Aganetti, um dos nomes por trás do Café com Petit Four. “Me sinto muito realizada em poder estar aqui, muito honrada com isso e feliz demais por poder trazer meu casadinho aqui para o Mesa Ao Vivo Minas Gerais”.
“Unir o pequeno produtor com chefs de cozinha, com instituições, faz com que produtos locais sejam valorizados e reconhecidos, que cheguem até grandes centros e paladares”, frisou o mixologista responsável pela Lamparina Cachaçaria, Albert Coelho. “A gente consegue trazer o trabalho que a Lamparina está fazendo nos últimos quatro anos, fazer contatos com várias pessoas do ramo e mostrar a importância da cachaça dentro da cultura”, completou o sócio da cachaçaria, Guilherme Costa. No evento, a dupla foi responsável por uma degustação de três versões da bebida mineira e brasileiríssima.
(Sob supervisão de Lara Alves)