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Menos de 35% do público alvo se vacinou contra a gripe em BH; especialista explica importância do imunizante

O público alvo consiste em grávidas, mulheres que deram à luz recentemente, idosos, trabalhadores de saúde e professores.

A vacina contra a gripe é segura e eficaz, e deve ser aplicada anualmente

Até esta terça-feira (30), menos de 50% do público alvo se vacinou contra gripe em Minas Gerais. Em Belo Horizonte a situação é ainda mais preocupante: apenas 33% do público procurou um Centro de Saúde para receber o imunizante, segundo balanço divulgado pelo Ministério da Saúde. Atualmente, o público alvo consiste em grávidas, mulheres que deram à luz recentemente, idosos, trabalhadores de saúde e professores.

Fabiana Funk, presidente da Associação Brasileira de Clínicas de Vacina, explica que a falta da vacinação pode trazer prejuízos não só para a saúde da pessoa, mas para o comércio e economia, em geral. Isso porque, sem a imunização, as pessoas ficam mais suscetíveis a adoecerem e contraírem as formas mais graves da gripe, ficando impossibilitadas de trabalhar e sobrecarregando o sistema de saúde.

“Um dos primeiros impactos é impacto econômico, que vem por meio da superlotação de serviços de saúde, tanto públicos quanto privados, onde as pessoas ficarão doentes por uma doença que é totalmente prevenível por vacina. A partir da gripe a gente sabe que podem se desenvolver várias outras doenças respiratórias, sem contar o impacto que causa numa família quando uma pessoa fica doente e precisa ser levada ao hospital”.

Quais os motivos da baixa adesão?

Fabiana Funk não acredita que a baixa adesão à campanha de vacinação seja um problema de comunicação pública, mas sim uma consequência do movimento anti-vacina e disseminação de fake-news envolvendo imunizantes.

“A junção das fake-news, aliada ao movimento anti-vacinas, eu diria que são as principais causas hoje da baixa vacinação em relação à vacinação da gripe. Apesar de todos os veículos de comunicação, o Ministério da Saúde e as secretarias estaduais e municipais de saúde investirem em divulgação das informações em relação à vacinação da gripe, ainda paira muita dúvida sobre a população”, explica.

Por isso, Fabiana orienta as pessoas a não acreditarem em tudo que leem na internet e não compartilharmos mensagens sem ter certeza de qual é a fonte da informação. Ela garante, ainda, que diversas pesquisas comprovam a seguridade e eficácia da vacina contra a gripe.

“A vacina é segura e eficaz, é um imunizante consolidado no mercado mundial, comprovado cientificamente, que já salvou milhares de vidas mundo afora. Eu oriento que as pessoas procurem as fontes confiáveis de informação, não repasse informações que sejam descabidas e desencontradas. Geralmente aquelas mensagens que vem por WhatsApp e em cima vem a mensagenzinha ‘encaminhadas com frequência’, por favor, não encaminhem. Fake news matam, fake news estão sendo responsáveis por esta baixa cobertura vacinal, e certamente daqui a pouco nós já vamos colher os resultados disso”.

Como fontes confiáveis de informações sobre saúde e vacina, Fabiana cita:

  • Organização Mundial da Saúde;

  • Ministério da Saúde;

  • Programa Nacional de Imunizações;

  • Sociedade Brasileira de Imunizações;

  • Sociedade Brasileira de Pediatria;

  • Sociedade Brasileira de Infectologia;

  • Sociedade Brasileira de Imunologia e Alergia e imunologia.

Por que tomamos a vacina da gripe todo ano?

Uma das principais dúvidas sobre a vacina da gripe é o motivo de ela ser anual. Todo ano as secretarias estaduais liberam o imunizante, primeiro, para um público alvo, que está mais suscetível a contrair o vírus e desenvolver formas graves. Depois de um tempo, a vacina é liberada para toda a população, orientada a se imunizar.

“A vacina da gripe é feita por meio de vírus mortos e inativados, incapazes de desenvolver a própria doença, isso é ciência. Nós precisamos tomar a vacina da gripe todos os anos porque os vírus da gripe tem um incrível potencial de mutação, de mudarem ao longo do tempo. Além disso, a vacina contra gripe possui uma imunidade que não é duradoura, ela é justamente é para o período de um ano após a sua aplicação”, explica Fabiana Funk.

A presidente da Associação Brasileira de Clínicas de Vacina conta, ainda, que todo ano a Organização Mundial da Saúde realiza uma pesquisa para mapear os quatro tipos de vírus do Influenza, causador da gripe, a fim de criar a vacina no próximo ano. Dessa forma, os profissionais acompanham as mutações do vírus e deixam o sistema imunológico da população preparado.

“Durante este inverno, a Organização Mundial da Saúde (OMS) vai coletar as principais cepas, os tipos de gripe, que mais acometeram pessoas no hemisfério sul este ano. A partir disso, a OMS seleciona três e quatro cepas e os laboratórios fabricantes conseguem fazer estas vacinas para 2024. Ou seja, hoje nós estamos vacinando com os principais tipos de vírus de gripe que circularam em 2022, o mesmo acontecerá em 2024 com as cepas que circulam em 2023”, relata Funk.

Onde se vacinar contra a gripe?

A vacinação contra a gripe, está disponível para toda a população a partir de seis meses, com a campanha marcada até o dia 31 de maio. Até o momento, não há orientação do Ministério de Saúde e da Secretaria de Estado sobre a prorrogação.

O imunizante está disponível em todos os 152 centros de saúde de Belo Horizonte, além de pontos extras em parcerias com drogarias. São 35 farmácias das redes Drogarias Pacheco, Drogaria Araujo, Droga Clara e Drogarias Extra Popular.

Segundo a prefeitura, a vacinação contra a gripe pretende reduzir as complicações, internações e mortalidade decorrentes das infecções pelo vírus da influenza.

“O imunizante é trivalente e protege contra três vírus (H1N1, H3N2 e vírus influenza B). É importante reforçar que não há contraindicação em tomar, no mesmo dia, a vacina da gripe e outros imunizantes, como a vacina da covid-19, por exemplo”.