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Ex-prefeita de Santa Luzia chora em depoimento e nega participação em morte de jornalista

Roseli Ferreira Pimentel é acusada de ter encomendado a morte de um jornalista em 2016 e pago a execução com dinheiro público desviado

Ex-prefeita de Santa Luzia, Roseli Pimental, depõe nesta segunda-feira

A ex-prefeita de Nova Luzia, Roseli Ferreira Pimentel, negou, durante julgamento, ter qualquer tipo de envolvimento com a morte do jornalista e dono do jornal O Grito, Maurício Campos Rosa, assassinado com sete tiros em agosto 2016. Durante depoimento que aconteceu na tarde desta segunda-feira (8), a ex-prefeita se emocionou e disse que “nunca teve problema com a Justiça”.

Roseli é acusada de ter encomendado e financiado a morte do repórter. Conforme as investigações, ela teria usado R$20 mil dos cofres públicos para pagar os suspeitos de matar Maurício com sete tiros.

Segundo testemunhas, o jornalista vinha favorecendo a eleição da chapa de Roseli em seu jornal. Os exemplares eram distribuídos nos comitês eleitorais da candidatura por um pagamento de R$100 mil feito pela chapa. Maurício, entretanto, teria exigido um pagamento extra da prefeita a fim de não divulgar irregularidades que havia descobertos na corrida eleitoral.

Roseli afirmou na Justiça que não conhecia a vítima, que viu pessoalmente apenas três vezes. Ela também ressaltou que a prefeitura, durante sua gestão, não tinha contrato com a empresa do jornalista, que teria tido um acordo com o prefeito anterior, que já tinha falecido.

A ex-prefeita afirmou, ainda, que nunca foi ameaçada pela vítima e que ficou sabendo da morte dele no dia do crime, após ter ouvido sobre o ocorrido em uma rádio. Quanto ao pagamento de R$20 mil desviados dos cofres públicos, a política afirmou que só ficou sabendo sobre a acusação quando teve acesso ao processo criminal.

Diante da juíza, Roseli ainda se emocionou e afirmou que nunca tinha tido problemas com a Justiça, sendo essa a primeira vez que entrou em uma delegacia para prestar depoimento.

“Confiamos na absolvição da Roseli e as provas estão escancarados que ela não tem nada a ver com isso. A Roseli é uma pessoa educadora, religiosa, ela jamais ia participar do evento dessa natureza. Tem seis anos que ela reclusa e hoje que é o julgamento”, afirma o advogado da ex-prefeita, Francisco Eustáquio.

Prefeita já havia sido cassada por crime eleitoral

Em dezembro de 2016, Roseli já havia sido denunciada e teve o primeiro mandato cassado, meses antes de assumir o segundo mandato como prefeita. Na época, ela tinha sido denunciada pelo candidato adversário, Delegado Cristiano Xavier (PSD), suspeita de abuso de poder político e econômico.

Segundo as denúncias, Roseli havia enviado mensagens para os diretores de escolas municipais e pedido que eles influenciassem pais de alunos durante as eleições. Na época, Roseli e o vice-prefeito, Fernando César, foram declarados inelegíveis por oito anos e condenados a pagar multa de R$ 15 mil, mas recorreram à decisão. Desta forma, Roseli continuou no cargo devido a uma liminar.

Em 2017, Roseli foi presa preventivamente e, logo depois, recebeu um habeas corpus do Superior Tribunal de Justiça, que determinou que ela usasse tornozeleira eletrônica. Roseli foi afastada do cargo e a Câmara de Vereadores de Santa Luzia abriu um processo de cassação do mandato. A ação foi extinta em maio de 2018, quando Roseli renunciou ao cargo.