Mais do que somar, subtrair e poupar, educação financeira tem a ver com sonhar. Pode soar estranho, já que os sonhos, como os números, não cabem nos dedos das mãos. Mas eles pavimentam um caminho longo rumo a uma nova geração, mais consciente com relação ao dinheiro. Um caminho onde escola e família têm um papel fundamental. Desde 2015, instituições públicas de ensino de Belo Horizonte trabalham esses conceitos com as crianças. Educação financeira faz parte da Base Nacional Comum Curricular de todas as escolas mas, segundo Soraya Pêgo, que é referência técnica pedagógica da Secretaria Municipal de Educação de BH, a abordagem na capital mineira é transversal e tem a ver com os sonhos.
Lugar melhor que o atual, onde cerca de 80% de todas as famílias brasileiras estão endividadas. Claro que a situação não tem a ver apenas com a ausência de educação financeira, mas também com distribuição de renda, desigualdade social, contexto econômico... Mas é inegável que a educação tem um peso grande nesse cenário. Exemplo é outro item importante, como aponta o professor do Departamento de Ciências Administrativas da UFMG, Antônio Dias Pereira. E o exemplo vem da escola sim, mas vem também da família.
É nessa soma de esforços, entre família e escola que a Prefeitura de BH aposta para a formação de uma geração mais consciente. Nos últimos 8 anos, o projeto Sonhar, Planejar, Alcançar já chegou a mais de 260 escolas, levando educação financeira a aproximadamente 29 mil alunos, desde os mais pequenos até os jovens adultos. Todos aprenderam a importância de poupar, ou melhor, de sonhar.
Uma geração melhor que já vem sendo formada dentro da família Ribeiro. Erlândia, mãe de quatro filhos, aprendeu com eles e com a escola como a educação financeira pode mudar a vida de todos. Ela foi convencida a abrir mão de pequenos gastos diários para poupar, ou melhor, para conquistar sonhos que não achou que seria possível realizar.
Tão bom que os filhos da Erlândia estão crescendo, e os sonhos também. E isso não é pouco. Nesse caso, é a construção de uma geração economicamente mais consciente.