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Taxa de juros do cartão de crédito rotativo chega a 451,5% ao ano

Dados do Banco Central mostram um aumento geral na taxa média de juros, seguindo o patamar elevado da Selic

Juros do rotativo tiveram avanço de 5,3 pontos percentuais em agosto

A taxa média de juros do cartão de crédito rotativo chegou em 451,5% ao ano, de acordo com o relatório de estatísticas monetárias e de crédito do Banco Central divulgado nesta segunda-feira (29), um avanço de 5,3 pontos percentuais (p.p) em relação a julho. O aumento acompanha a política restritiva de juros, com a taxa básica fixada em 15% ao ano.

O rotativo é um empréstimo automático de curto prazo concedido pelos bancos e administradoras de cartão de crédito, acionado quando o consumidor não faz o pagamento total da fatura até o vencimento. A modalidade é uma operação de crédito livre, ou seja, as taxas são acordadas livremente entre a instituição financeira e o cliente.

A taxa elevada do rotativo tem um impacto direto na taxa média de juros no crédito livre às famílias, que chegou a 58,4% ao ano. O valor representa um aumento de 0,5 ponto percentual em agosto e 6,6 p.p no acumulado dos últimos 12 meses.

Segundo a economista e professora de MBAs da Fundação Getúlio Vargas, Carla Beni, o custo do crédito no geral está “completamente fora de qualquer patamar de razoabilidade”. A especialista explica que, mesmo em créditos consignados com uso do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), a taxa é superior a 3% ao mês.

“O cartão de crédito rotativo, pelo próprio relatório do Banco Central, está cobrando 15,31% ao mês. Isso porque a taxa Selic está a 15% ao ano. Então o próprio banco fornece um limite de crédito acima do que o cliente pode absorver. A taxa de juros é praticamente impagável”, disse à Itatiaia.

No geral, a taxa média de juros está em 31,8%, revelando um avanço na ordem de 0,2 p.p no mês, e de 4,2 p.p no acumulado dos últimos 12 meses. As taxas médias de juros das operações de crédito por empresas e pessoas físicas também aumentaram. Em agosto, a taxa para pessoas jurídicas teve um aumento de 0,1 p.p e chegou a 21,7% ao ano. Para CPFs, a taxa teve um avanço de 0,2 p.p e chegou a 36,4% ao ano.

Inadimplência na carteira de crédito cresceu

Com a taxa de juros elevada, a inadimplência também cresceu. Segundo o relatório do BC, o endividamento da carteira de crédito total do Sistema Financeiro Nacional (SFN), considerados atrasos superiores a 90 dias, alcançou 3,9% em agosto, com aumentos de 0,1 p.p no mês e 0,7 p.p nos últimos 12 meses.

“Quando a gente observa o mapa da inadimplência do Serasa, a gente observa que a gente está mais ou menos com 44% da população adulta inadimplente. O endividado, é qualquer pessoa que tenha parcelas a vencer, mas o inadimplente tem parcelas vencidas e não pagas. Isso dá um volume de mais de 70 milhões de adultos negativados. Então, essa é uma preocupação muito séria”, ressaltou Carla Beni.

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Jornalista formado pela UFMG, Bruno Nogueira é repórter de Política, Economia e Negócios na Itatiaia. Antes, teve passagem pelas editorias de Política e Cidades do Estado de Minas, com contribuições para o caderno de literatura.