O técnico em eletroeletrônica é um profissional essencial para a manutenção hospitalar. É ele o especialista capaz de lidar com equipamentos que impactam diretamente o atendimento: se um aparelho para, exames atrasam, cirurgias são suspensas e aumenta o risco para o paciente. O profissional circula entre UTI, centro cirúrgico, ambulatórios, enfermarias e laboratórios, cuidando de ventiladores, monitores cardíacos, bombas de infusão, autoclaves, equipamentos de imagem, hemodiálise e sistemas de gases medicinais, entre outros.
Essa rotina se reparte entre a oficina de
Inventário e codificação: organizar o parque tecnológico
Antes de consertar, o técnico ajuda a “mapear” o hospital. Com formulários padronizados, registra para cada
Segundo orientação do ministério, o técnico também participa da criação de códigos que indicam em poucos dígitos o serviço de origem, o tipo de equipamento, a ordem de aquisição e o ano de compra, permitindo saber quantos ventiladores existem em um centro cirúrgico, quando foram adquiridos e qual o valor de reposição aproximado. Essas informações servem de base para calcular custos, planejar substituições e priorizar investimentos em setores críticos.
Manutenção corretiva: quando o equipamento quebra
Quando um aparelho apresenta defeito, tudo precisa começar com a abertura de uma ordem de serviço (OS), em que o setor usuário descreve o problema, informa o local do equipamento e o grau de urgência. A partir da OS, o técnico avalia o chamado, define se o reparo será feito internamente ou enviado para empresa externa, registra tempos de chegada, diagnóstico, deslocamento, peças utilizadas e tipo de falha observada.
O trabalho não se resume a trocar componentes: o técnico precisa identificar se a falha veio de mau uso, desgaste natural, projeto inadequado ou falta de manutenção anterior. Quando o conserto depende de terceiros, ele acompanha o envio, registra garantias, prazos e resultados dos testes após o retorno, funcionando como um controle técnico da qualidade entregue pelo fornecedor.
Manutenção preventiva: evitar paradas e prejuízos
Além de responder às emergências, o técnico contribui para que elas aconteçam com menos frequência. Com base no inventário e no histórico de falhas, ele ajuda a montar programas de manutenção preventiva, que incluem inspeções periódicas, calibrações, limpezas, ajustes e trocas programadas de peças.
Equipamentos críticos, como ventiladores, monitores cardíacos, desfibriladores e aparelhos de anestesia, ganham protocolos de teste pós-manutenação, nos quais o técnico verifica desempenho, segurança elétrica e funcionamento geral antes de liberar o uso clínico. Esses registros alimentam o histórico de cada máquina e ajudam a decidir quando o custo de manter um equipamento supera o benefício de substituí-lo.
Gestão de peças, custos e tempo de trabalho
Na prática, o técnico em eletroeletrônica também atua como gestor de recursos. Em cada OS, registra as peças utilizadas, a quantidade, o código e o custo; esse controle permite manter um estoque mínimo de itens de reposição e evitar atrasos por falta de componentes básicos.
Os dados das ordens de serviço permitem calcular horas gastas por equipamento, por técnico e por tipo de manutenção, além do custo total de materiais e do valor da hora técnica. Com essas informações, a manutenção deixa de ser apenas “centro de custo” e passa a ser vista como investimento mensurável em disponibilidade e segurança.
Diálogo com equipes clínicas e treinamento
A publicação do Ministério da Saúde destaca que o técnico precisa falar a língua do hospital: conhecer termos médicos, agir com cordialidade e estar disponível para dialogar com médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem. Essa proximidade facilita tanto o diagnóstico das falhas quanto a priorização dos atendimentos, já que cada setor sabe quais procedimentos estão em risco com a parada de um equipamento.
Quando identifica erros repetidos de operação ou uso inadequado de equipamentos, o técnico colabora na organização de treinamentos para usuários e para a própria equipe de manutenção. Assim, transforma falhas recorrentes em oportunidade de aprendizado e ganho de disponibilidade.
Participação em compras, recebimento e instalação
O técnico em eletroeletrônica também participa do ciclo de vida dos equipamentos desde a compra. Ele ajuda a traduzir as necessidades clínicas em especificações técnicas, apoiando o hospital na definição de requisitos de desempenho, segurança, alimentação elétrica, acessórios e documentação que devem constar nos contratos de aquisição.
No recebimento e instalação, verifica se as condições físicas do ambiente foram atendidas, se toda a documentação e acessórios vieram conforme o contrato e se o equipamento passa em testes de segurança e funcionamento. Também registra se os usuários receberam instrução adequada, seja pela equipe interna, seja pelo fornecedor.
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