O avanço tecnológico que se falava para o futuro já aparece na prática, com a indústria redesenhando processos e prazos. A impressão 3D de metais deixou de ser experimento de laboratório e passou a fazer parte da rotina das fábricas que precisam de peças complexas, resistentes e cada vez mais personalizadas. Em vez de tirar material de um bloco maciço, como ocorre em processos tradicionais, a peça passa a ser construída em camadas a partir de um modelo digital.
Um estudo do Observatório Nacional da Indústria, da CNI, com o tema “Hub da Inovação: Impressão 3D de Metais”, aponta essa tecnologia como um dos pilares da Indústria 4.0, justamente por permitir geometrias que seriam inviáveis ou muito caras em processos convencionais.
Humberto Monteiro, doutor em engenharia de estruturas e líder técnico do Programa de Manufatura Aditiva do Senai MG, resume o conceito ao afirmar que “a manufatura aditiva ou impressão 3D é um processo de fabricação alternativo a técnicas tradicionais existentes na indústria, como usinagem, fundição e forjamento”.
Na prática, a lógica se parece com a construção de um objeto por blocos muito pequenos, sobrepostos um a um, até surgir a peça final. Monteiro explica que “na manufatura aditiva fabricamos componentes utilizando uma fonte de energia e adicionando material camada a camada, até a formação final do produto”. Isso vale para diferentes metais, como aço, alumínio, titânio e ligas especiais, o que abre espaço para aplicações em vários segmentos produtivos.
Impacto em setores de alta performance
Os números confirmam a trajetória ascendente dessa tecnologia. O mercado global de impressão 3D de metais movimentou 312,6 milhões de dólares em 2019 e tem expectativa de atingir 1,5 bilhão de dólares em 2027. No Brasil, a projeção é sair de 171 milhões de dólares para 572 milhões no mesmo período, o que indica um espaço relevante para empresas que decidirem investir.
Essa expansão é impulsionada, sobretudo, pelos setores que demandam alta performance, como o de aviação e o de saúde, que exigem componentes leves e de grande resistência. A customização em massa constitui outro forte atrativo, particularmente na área médica, viabilizando a produção de implantes e próteses sob medida, o que contribui para a redução do tempo cirúrgico e de recuperação. Esse movimento também já chegou à indústria pesada e à construção civil. Monteiro observa que “atualmente, a manufatura aditiva metálica está posicionada no universo das aplicações industriais e produção de componentes críticos ou customizados”.
As impressoras 3D de metais podem usar diferentes técnicas. Em algumas, um feixe de energia vai fundindo o pó metálico camada por camada. Em outras, o equipamento derrete e deposita o metal em forma de pó ou arame sobre uma base. Tais processos permitem o uso de diversos metais, como titânio, alumínio e aço, resultando em peças de alta qualidade e resistência mecânica. No Brasil, o Centro de Inovação e Tecnologia do SENAI (CIT SENAI) desenvolveu uma tecnologia própria denominada MADA (Manufatura Aditiva por Deposição a Arco), que utiliza arco elétrico como fonte de energia e arame metálico como material de adição.
Aplicações estratégicas e um mercado em forte crescimento
O impacto da impressão 3D de metais não se limita à inovação no desenho das peças. Há um efeito direto sobre custos e gestão de estoques. Monteiro destaca que “as cadeias de suprimentos nos setores de energia, mineração, siderurgia, entre outros, buscam resiliência para suportar as demandas do ambiente produtivo por peças de reposição”.
Em muitos casos, especialmente em plantas industriais mais antigas, “existem equipamentos para os quais os fabricantes não fornecem mais componentes para manutenção”. Nesse cenário, a manufatura aditiva entra como alternativa para produzir sob demanda, em prazos mais curtos, peças que não se encontram mais no mercado.
Nesta trilha de inovação, a questão ambiental também ganha peso. A impressão 3D, sobretudo a MADA, trabalha com o volume estritamente necessário para formar a peça, o que reduz desperdícios e colabora com metas de sustentabilidade.
Mesmo com tantos benefícios, o avanço da tecnologia exige investimento. Equipamentos de alto valor, necessidade de profissionais especializados e definição de normas técnicas ainda são fatores que limitam a adoção em escala. Ainda assim, o estudo da CNI mostra que o país acumula experiências concretas em centros de pesquisa, universidades e empresas. Segundo Monteiro, “o CIT SENAI já produziu e instalou componentes na operação de vários parceiros”, sinalizando que a tecnologia já está em uso real e não apenas em ambiente de testes.
Em Minas, o apoio do CIT SENAI
Em Minas, o CIT SENAI, atua como ponto de conexão entre as novas manufaturas, como a Impressão 3D e a indústria. Com uma estrutura que reúne Institutos de Tecnologia e de Inovação, o CIT SENAI apoia empresas de diferentes portes na redução de custos e no ganho de competitividade, com serviços que vão de pesquisa aplicada e desenvolvimento de produtos a consultorias técnicas, serviços metrológicos, ensaios laboratoriais e suporte a projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação.
Credenciado por importantes agências de fomento nacionais, o CIT SENAI oferece soluções customizadas para setores como metalmecânico, automotivo, metalurgia, processamento mineral, meio ambiente, química, engenharia de superfícies e alimentos e bebidas, sempre com foco em tecnologia e inovação para impulsionar negócios. O objetivo é conectar as demandas do chão de fábrica a soluções que combinem eficiência, qualidade e responsabilidade socioambiental, fortalecendo a competitividade das empresas mineiras em um cenário de transformação acelerada.
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