O uso de realidade aumentada (RA) em atividades de manutenção industrial já passa por um amadurecimento e começa a se consolidar como ferramenta operacional.
Segundo Bruno Pinho Campos, analista de Tecnologia III e especialista em desenvolvimento de software do Senai-MG, a tecnologia deixou de ser tratada como tendência futurista e hoje apresenta aplicações práticas em duas frentes principais: assistência remota avançada e procedimentos operacionais guiados.
No cenário internacional, especialmente em países como Alemanha e Estados Unidos, Campos explica que a RA funciona como interface visual do digital twin.
“O operador aponta um tablet ou óculos para a máquina e vê informações sobrepostas ao mundo real, como temperatura, pressão ou vibração, vindas diretamente do PLC, além de visualizar modelos 3D internos do equipamento”, afirma à Itatiaia.
No Brasil, o modelo mais difundido é o de colaboração remota, impulsionado pelas longas distâncias entre plantas industriais e centros técnicos.
“Em vez de explicar por telefone o que está vendo, o técnico transmite a imagem em tempo real e o especialista indica visualmente onde intervir”, diz.
Informação no lugar certo: a vantagem operacional da RA
De acordo com Campos, a principal diferença em relação ao método tradicional é a redução da carga cognitiva. Ele explica que, hoje, muitos profissionais precisam interromper o trabalho para consultar manuais ou diagramas em papel, muitas vezes desatualizados. Com a RA, esse processo muda. A informação aparece no campo de visão do técnico, no momento exato da execução.
Bruno cita benefícios como maior velocidade e precisão, rastreabilidade das etapas e padronização dos procedimentos. No contexto brasileiro, outro fator relevante é econômico: evitar deslocamentos de especialistas. “Em poucos atendimentos remotos, o investimento em hardware já se paga”, aponta.
A adoção da RA, no entanto, exige mais do que tecnologia. Campos destaca que se trata de um processo de gestão de mudança. A capacitação deixa de ser teórica e passa a ser feita diretamente no posto de trabalho. A curva de aprendizado é rápida, mas desafios como conectividade limitada e resistência inicial ainda são comuns nas plantas brasileiras.
Resultados já aparecem em indicadores de manutenção
O uso da RA já demonstra ganhos mensuráveis. Entre os indicadores observados pelo setor está o First-time Fix Rate, que mede a taxa de acertos na primeira intervenção. Com suporte visual, diminuem os casos em que o técnico precisa retornar por falta de diagnóstico ou ferramentas adequadas.
Campos cita ainda reduções significativas no MTTR (tempo médio para reparo) em indústrias brasileiras. Ele explica que, quando uma linha de produção para, cada minuto perdido tem custo elevado. “Se a RA permite resolver um problema em 20 minutos com suporte remoto, em vez de esperar horas pela chegada de um especialista, o retorno é imediato”, afirma.
Além dos ganhos operacionais, a tecnologia também automatiza registros. Sistemas de RA podem gerar relatórios com fotos e vídeos das atividades, criando um histórico rastreável que não existia nas ordens de serviço preenchidas manualmente.
Experimente soluções de RA desenvolvidas em laboratórios do Senai. Fale com a gente agora mesmo: