Cenário 2026: FGV projeta crescimento de 1,7% e alerta para setor industrial

Boletim Macro do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE) indica que o Produto Interno Bruto (PIB) do país deve avançar em ritmo menor no ano que vem e aponta impacto da Inteligência Artificial no mercado de trabalho.

PIB e tecnologia são desafios para o industrial brasileiro

O cenário para o setor produtivo brasileiro em 2026 desenha-se como um exercício de paciência e adaptação. De um lado, a euforia global com a Inteligência Artificial (IA) promete revoluções; de outro, os dados concretos do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE) mostram que o “chão de fábrica” ainda enfrenta uma desaceleração cíclica e gargalos estruturais.

No Boletim Macro de Dezembro 2025 (Nº 173), divulgado nesta terça-feira (30), os economistas da instituição detalham que a economia brasileira deve encerrar 2025 com uma alta de 2,2% no Produto Interno Bruto (PIB). Para 2026, contudo, a projeção foi revisada para baixo, passando de 1,8% para 1,7%.

O desafio da produtividade e a ‘promessa’ da IA

Para o pequeno e médio industrial, a palavra de ordem é produtividade, a variável central que explica o crescimento sustentado. O debate atual gira em torno do impacto da IA generativa. Embora investidores demonstrem euforia, o prêmio Nobel de Economia Daron Acemoglu alerta que o ganho real pode ser modesto no curto prazo: cerca de 0,1% ao ano na próxima década.

No Brasil, o potencial é positivo, mas o industrial enfrenta barreiras conhecidas.

  • Gargalos estruturais: Deficiências na infraestrutura digital e no capital humano podem limitar os ganhos em setores que precisam reduzir custos.
  • Destruição criadora: O conceito, reforçado pelo Nobel Philippe Aghion, sugere que a adaptação através de novas tecnologias é necessária, mas exige investimento em treinamento contínuo.
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Investimentos e cenário para 2026

Um dado que o empresário deve observar com cautela é a previsão para os investimentos (Formação Bruta de Capital Fixo). Para 2026, espera-se uma desaceleração intensa, com crescimento de apenas 0,8%.

O salto de 4% esperado para 2025 é, em grande parte, “artificial”, decorrente da importação de plataformas de petróleo. Sem esse fator, o investimento real cresceria apenas 2,4% este ano.

Apesar da moderação, há vetores que podem sustentar a demanda no início de 2026:

  • Consumo das famílias: Espera-se uma retomada devido ao reajuste real do salário-mínimo e medidas de crédito.
  • Mercado de trabalho: Embora as contratações formais (Caged) tenham arrefecido, a massa salarial segue em expansão, o que garante fôlego ao consumo.
  • Taxa Selic: O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central deve manter a taxa básica de juros em 15% por um período prolongado para conter a inflação, o que mantém o custo do crédito elevado para o empreendedor.

A Selic é a taxa básica de juros da economia, que influencia todas as outras taxas do país, como empréstimos e financiamentos. O uso desse instrumento pelo Banco Central busca controlar o ritmo de alta dos preços (inflação).

Amanda Alves é graduada, especialista e mestre em artes visuais pela UEMG e atua como consultora na área. Atualmente, cursa Jornalismo e escreve sobre Cultura e Indústria no portal da Itatiaia. Apaixonada por cultura pop, fotografia e cinema, Amanda é mãe do Joaquim.

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