Ouvindo...

Alimentação saudável: promoção da saúde mental e bem-estar no trabalho

Pesquisa revela que 56% levam marmita ou lanche de casa; veja estratégias para empresas estimularem refeições saudáveis, produtividade e saúde mental

Má nutrição está diretamente ligada a absenteísmo, baixa moral e maiores taxas de acidentes no local de trabalho

A busca por uma vida saudável é um esforço de equilíbrio, especialmente no território complexo do ambiente corporativo. Embora a pesquisa “Panorama da Alimentação no Trabalho” realizada pela QualiBest em 2024 indique que 73% dos brasileiros declaram se esforçar por hábitos saudáveis, a realidade do dia a dia impõe desafios que impactam diretamente o bem-estar.

Essa tensão é visível. Um outro estudo do mesmo instituto publicado em março de 2025, aponta que, apesar de 75% dos brasileiros avaliarem seu bem-estar emocional como bom ou muito bom, 73% relataram sintomas como cansaço extremo, irritabilidade e insônia nos últimos 12 meses.

A alimentação entra como pilar central nessa equação. Um levantamento de 2005 intitulado: “Alimentação no trabalho: soluções para a desnutrição, obesidade e doenças crônicas” e realizado com apoio da Organização Internacional do Trabalho (OIT) pelo pesquisador Christopher Wanjek, aponta que uma nutrição adequada pode elevar a produtividade em até 20%. O local de trabalho, onde muitos adultos passam metade de suas horas acordadas, é um cenário perfeito para essa intervenção.

O retrato da marmita

A pesquisa “Panorama da Alimentação no Trabalho”, realizada pelo Instituto QualiBest a pedido da Sapore (multinacional brasileira de serviços de alimentação e facilities), ouviu 816 pessoas de todas as regiões do país. O trabalho revela que a maioria dos colaboradores que participaram (56%) leva marmita ou um lanche de casa para se alimentar no trabalho.

Desse total, 42% afirmaram levar refeições, enquanto 14% levam lanches ou salgados. O estudo mostra que a prática é predominante entre os respondentes da Classe C (49%) e na faixa etária de 25 a 34 anos (24%).

Dos 44% que não levam comida de casa, as opções são variadas: 28% utilizam o vale-refeição ou alimentação, 21% frequentam restaurantes corporativos e 31% afirmaram comprar marmitas ou lanches na rua. Apenas sete por cento disseram não se alimentar no ambiente de trabalho.

O custo da desatenção

Ignorar a nutrição da equipe tem um preço estratégico. A OIT alerta que a má nutrição está diretamente ligada a absenteísmo, baixa moral e maiores taxas de acidentes no local de trabalho.

Deficiências específicas, como a de ferro, que afeta grande parte da população mundial, podem prejudicar a capacidade de trabalho físico em até 30%. Da mesma forma, pular refeições, causando hipoglicemia (baixo nível de açúcar no sangue), diminui o período de atenção e a velocidade de processamento de informações.

Mais que calorias: A conexão mental

O impacto de uma alimentação adequada vai além do físico, influenciando diretamente a saúde mental. Outro estudo (HELFIMED) publicado na revista Nutritional Neuroscience (Neurociência nutricional) investigou se uma intervenção dietética poderia melhorar o bem-estar mental em adultos com depressão.

Os participantes que seguiram uma dieta estilo mediterrâneo (MedDiet), rica em vegetais, frutas, legumes e nozes , suplementada com óleo de peixe, tiveram uma redução significativamente maior nos sintomas de depressão e uma melhoria na qualidade de vida mental após três meses.

A pesquisa concluiu que mudanças dietéticas saudáveis são alcançáveis e podem, de fato, melhorar a saúde mental em pessoas que sofrem de depressão.

Leia também

Como estimular? O papel estratégico da empresa

O local de trabalho é um ambiente ideal para a intervenção nutricional. A própria pesquisa QualiBest/Sapore mostra que 87% dos trabalhadores brasileiros consideram o restaurante corporativo um grande benefício oferecido pela empresa.

Estimular a equipe pode ir além de simplesmente fornecer o alimento. As soluções, segundo a OIT, variam conforme a estrutura e o orçamento de cada empresa:

  • Refeitórios (Canteens): Permitem à empresa o controle direto sobre a qualidade, a higiene e o preço dos alimentos. Podem ser usados para “educar” o paladar, oferecendo opções saudáveis e variadas. A pesquisa mostra que 72% dos usuários gostariam de opções temáticas, como comida japonesa ou italiana.
  • Vales-Refeição (Vouchers): São ideais para áreas urbanas com muitas opções de restaurantes. Oferecem flexibilidade ao trabalhador, embora a empresa perca o controle sobre a qualidade da escolha final.
  • Copas e Cozinhas (Mess rooms/Kitchenettes): Para os 56% que já levam “marmita”, esta é a solução de menor custo e maior impacto. Oferecer um espaço limpo, com refrigeradores, micro-ondas e mesas, garante que o alimento trazido de casa seja consumido em condições adequadas e higiênicas.
  • Educação e Incentivos: A estratégia mais eficaz é “empurrar” (ou nudging) o funcionário para a escolha certa. Isso pode incluir desde palestras até subsídios maiores para opções saudáveis (como saladas ou frutas), tornando a escolha saudável a mais barata e conveniente.

Investir na alimentação da equipe, portanto, transcende a simples logística. É uma decisão estratégica que impacta o bem-estar (físico e mental), reduz custos com absenteísmo e eleva a produtividade. Em um setor que movimenta mais de R$ 21 bilhões anuais na economia brasileira, o prato do funcionário reflete diretamente o cuidado e a visão da gestão.

Implemente um programa de saúde completo com o SESI VIDA. Clique aqui e saiba como.

Amanda Alves é graduada, especialista e mestre em artes visuais pela UEMG e atua como consultora na área. Atualmente, cursa Jornalismo e escreve sobre Cultura e Indústria no portal da Itatiaia. Apaixonada por cultura pop, fotografia e cinema, Amanda é mãe do Joaquim.