Bolsa bate terceiro recorde seguido aos 164 mil pontos, com corte na Selic no radar

Dados fracos do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre aumentam apostas para um corte na taxa de juros

Ibovespa fechou o dia aos 164 mil pontos pela primeira vez

O Índice Bovespa (Ibovespa) fechou a quinta-feira (4) no seu terceiro recorde seguido nesta semana, com uma alta de 1,67% aos 164.455,61 mil pontos. O bom desempenho do mercado acionário brasileiro ocorre na esteira do otimismo para uma queda na taxa básica de juros, a Selic, após a divulgação de dados fracos do Produto Interno Bruto (PIB).

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a economia brasileira teve um avanço moderado de 0,1% no terceiro trimestre. O resultado vem um pouco abaixo da projeção do mercado de 0,2%. Segundo especialistas, os números mostram uma acomodação da economia, frente a uma política monetária restritiva.

Com a Selic em 15% ao ano, a atividade econômica está sendo desacelerada com o elevado custo do crédito. Para o economista sênior do Banco Inter, André Valério, os números do PIB reforçam a tendência de acomodação do crescimento da economia.

“Nos últimos 8 trimestres, o crescimento médio do PIB na comparação contra o mesmo trimestre do ano anterior foi de 3%. Esse trimestre marca um desvio dessa tendência, com o crescimento nessa métrica sendo de 1,8%”, disse o especialista.

“Ainda assim, vemos uma economia bastante robusta, e o PIB caminha para ter um crescimento robusto em 2025, acumulando alta de 2,4% até setembro, ainda crescendo acima da tendência pré-pandemia. De toda forma, esperamos a continuidade da tendência de acomodação do crescimento, com o PIB encerrando o ano com alta acumulada de 2,2%”, completou.

O resultado aumenta as apostas para um corte na taxa básica de juros por parte do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom), uma vez que a acomodação da economia pode influenciar a decisão dos diretores da autoridade monetária. O mercado espera o corte para janeiro de 2026.

Leia também

A Selic está mantida em 15% como uma estratégia para desacelerar o consumo e levar a inflação para o centro da meta de 3%. Atualmente, o Índice de Preços Nacional ao Consumidor Amplo (IPCA), está acumulado em 4,68% nos últimos 12 meses, mas as últimas medições mostram uma tendência de queda.

Segundo o analista de inteligência de mercado da StoneX, Leonel Mattos, “embora o Banco Central sinalize preocupação com a dinâmica inflacionária brasileira, o enfraquecimento da atividade produtiva pode favorecer uma decisão de antecipar o início do ciclo de cortes para a taxa básica de juros (Selic)”, disse.

Na parte do câmbio, o dólar fechou o dia praticamente estável, com uma queda de 0,04% aos R$ 5,30. O resultado contrasta com o movimento global, onde a moeda americana teve uma valorização de 0,13% de acordo com o índice do dólar (DXY), que compara o câmbio com as principais moedas do mundo.

Jornalista formado pela UFMG, Bruno Nogueira é repórter de Política, Economia e Negócios na Itatiaia. Antes, teve passagem pelas editorias de Política e Cidades do Estado de Minas, com contribuições para o caderno de literatura.

Ouvindo...