O chef Jefferson Rueda, à frente da premiada A Casa do Porco, destacou que a gastronomia, quando alinhada à autenticidade e a experiências verdadeiras, pode se tornar uma poderosa ferramenta para atrair visitantes durante todas as estações do ano. A fala ocorreu à Itatiaia nesta quarta-feira (26), durante sua participação como palestrante na 1ª Feira Nacional dos Destinos Turísticos de Inverno, realizada em Monte Verde, distrito de Camanducaia, no Sul de Minas.
A palestra do chefe de cozinha teve o tema: como combater a sazonalidade por meio da gastronomia. Por mais de uma hora, o paulista natural de São José do Rio Pardo defendeu a cultura caipira como uma importante aliada na busca pelo equilíbrio no setor do turismo.
Gastronomia como motor do turismo contínuo
Rueda afirmou que a boa comida, por si só, não é suficiente: ela precisa estar integrada ao que o destino oferece de melhor.
“Todo mundo precisa comer. Mas a gastronomia tem que caminhar junto com tudo o que existe de bom na cidade. Não é só comida. A pessoa vem para descansar, caminhar, namorar. É uma junção de coisas”, destacou.
Para o chef, a união entre natureza, hospedagem, restaurantes e experiências locais forma um conjunto capaz de reduzir os efeitos da sazonalidade turística.
A busca pela autenticidade
Jefferson Rueda, criador do restaurante A Casa do Porco
Questionado sobre como profissionais do setor podem encontrar ou fortalecer sua identidade, Rueda foi direto:
“Não desistir nunca do seu sonho. Ser teimoso. Ir atrás. Um não eu já tenho. Persistir e tentar.”
Ele defende que autenticidade é um processo contínuo, resultado de insistência, propósito e compreensão das raízes locais.
Monte Verde: identidade preservada como diferencial
Rueda esteve em Monte Verde com 16 anos, ainda como adolescente. Ao visitar a localidade pela segunda vez para o evento, ele elogiou a capacidade de Monte Verde de preservar sua essência, característica que, segundo ele, deve ser valorizada e mantida.
Monte Verde, distrito turístico de Camanducaia, Sul de Minas
“Vocês já têm tudo pronto aqui. Só precisam mostrar. E, quando receberem as pessoas, não precisam ser diferentes. Não tem que ter camarão, foie gras ou vinho francês. Tem que mostrar o que vocês têm de bom.”
O chef alertou ainda para o risco dos modismos provocados pelo turismo massivo e incentivou a comunidade a se manter firme em sua identidade.
“Monte Verde é assim. Aqui você vai comer pinhão, truta, orgânicos. Vai dar um pulo numa cachoeira gelada. É isso
Jefferson Rueda
Jefferson Rueda, considerado um dos chefs mais influentes do país, começou sua trajetória gastronômica em São José do Rio Pardo (SP), onde trabalhou como açougueiro antes de se formar pelo SENAC e aprofundar técnicas em cozinhas brasileiras e internacionais. Quando era chefe de cozinha do Attimo, restaurante italo-caipira, conquistou uma Estrela Michelin, maior honraria do mundo gastronômico.
Ao lado da esposa, Janaína Rueda, consolidou projetos de forte identidade nacional, com na abertura de A Casa do Porco, em São Paulo, restaurante que alcançou projeção mundial ao valorizar o uso integral do porco e ingredientes brasileiros.