Eles estão por todo lugar e parecem até chamar mais atenção que os livros. São patinhos amarelos, que estão sendo chamados de “patos literários”, e se tornaram a maior moda da
Eles são pequenos, não chegam a 5 centímetros, têm uma pequena mola na base que se liga a uma presilha. Com ela, são fixados em roupas, mochilas, sacolas e até nos cabelos. Todos são amarelinhos, mas alguns têm acessórios - óculos brancos, óculos de sol, florzinhas, coroas e outros adereços.
Febre amarela
Das crianças aos adultos de todas as idades, todo mundo usa os patinhos, que estão espalhados pelos três pavilhões da Bienal e são onipresentes nas áreas de alimentação e descanso. Mas como surgiu essa febre?
Na fila para uma atração instagramável, converso com os estudantes Larissa e Gabriel, ambos com seus patos literários nas roupas. “Eu vi todo mundo com patinho, eu fiquei: ‘cara, eu quero um patinho’”, disse Larissa. "É aquilo, né? Que todo mundo tá fazendo, a gente vai lá e quer fazer também. Foi mais por isso. E porque eu acho fofo, eu achei muito fofo”, completou entre risos.
Para o Gabriel, só restou ir na onda da amiga - não sem protestos. “Eu fui porque ela insistiu. Por mim, eu não compraria, achei muito caro esse pato. Foi mais por impulso dela mesmo, não tenho muita afinidade nem sou ligado nisso. Mas aí ela insistiu tanto que eu falei: ‘Ah, tá', e comprei. Confesso que estou arrependido”, contou o estudante.
“Mas não dá uma foto fofa?”, retrucou Larissa, aguardando na fila para tirar a tal foto e guardar uma lembrança da Bienal.
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Quanto custa?
Há pelo menos duas lojas vendendo o patinho. A ‘Explosão Criativa’ é uma delas, onde Larissa e Gabriel compraram três aves por 20 reais. A loja fica no Pavilhão 4, tem um anúncio na fachada com o “Patinho literário” e vende 1 por 10 reais ou 3 por 20 reais. Em reportagens publicadas por outros veículos, representantes da loja falaram sobre vender 20 mil patinhos ao longo dos 10 dias de Bienal.
Outra loja que vende o adereço é a Toca Livros, no Pavilhão 2. A proprietária, Rosa de Fátima da Silva, conta que veio de Belém, no Pará, para vender na Bienal do Rio. Notando que o comércio de livros e itens de papelaria não engrenava, ela aderiu aos patinhos, que encontrou na Saara, no Centro do Rio de Janeiro. Com dois sacos enormes cheios de patinhos nas mãos, ela calcula que vai vender 10 mil unidades até o fim da Bienal. Já teve que mandar trazer de São Paulo e avalia que vai conseguir fazer uma parte do caixa necessário para pagar os custos do stand de 100m2 na feira.
A conversa com Rosa durou 3 minutos e meio. Nesse tempo, ela vendeu 12 unidades - ali é um por 10 ou 3 por 25 reais - faturou de 100 a 120 reais enquanto dava entrevista. E as embalagens iam se esvaziando rapidamente.
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O que significam?
A resposta mais sincera? Nada, é só uma moda - comercial. Mas essa, claro, não é a única resposta.
Uma das pessoas com quem conversei tinha um significado pessoal para usar o adereço. Patrícia Lima, criadora de conteúdo literário no canal que leva seu nome no
Ela sempre carrega marcadores de página temáticos - de patinhos, claro - para divulgar seu trabalho, tem mais facilidade pra ‘puxar assunto’ com estranhos neste ano. “Estou distribuindo para as pessoas que não me conhecem, daí eles falam: ‘ai os patinhos!!!’. Eles ficam animados ao ver os tem patos também nos meus marcadores”, conta.
Teve quem citasse outros eventos em que os patinhos já apareceram, como a Comic Con SP e o Brasília Game Experience. Mas se você quer sigificados filosóficos, aí vão duas outras histórias ouvidas na Bienal. Uma teoria é de que, na sabedoria oriental, os patos representam a plenitude. Outra é de que os amarelinhos foram criados em um evento de cultura geek na Espanha para sinalizar que a pessoa que usava o pato estava disponível para conversar e conhecer novas pessoas.
Por aqui, o pato literário ajuda, sim, a puxar assunto: ‘onde você comprou o patinho?’.