Do peixe no chocolate ao feijão verde, sentar-se à mesa no meu primeiro festin da
O menu começou com um prato no qual apenas um dos ingredientes era conhecido por mim — aumentando a expectativa: caju, tucupi e ikura, criação de Onildo Rocha, paraibano que é referência nacional por sua Cozinha Armorial e está à frente dos restaurantes Cozinha Roccia (PB), Notiê e Abaru (SP).
“Eu sou apaixonado por caju. O caju é uma fruta endêmica brasileira e a gente utiliza não só para a doçaria, mas tem muitas outras oportunidades para ser usado”, disse o chef. Ao degustar, chamou a atenção a mistura de texturas e sabores.
Na sequência, Gabriella Guimarães, mineira do interior e hoje à frente do bar de culinária asiática Ōkinaki e do recém-inaugurado Parallel, de cozinha espanhola, apresentou badejo com batata e chocolate. “Esse prato marcou muito a minha ida para a Espanha. É um prato de pescadores, chamado suquet na versão original, que eu preparo com badejo. O molho leva avelã, tomate, alho e chocolate. Na Catalunha, o chocolate também é usado em pratos salgados, para dar textura e cor. É a minha lembrança e homenagem ao lugar onde morei por sete anos”, contou.
A harmonia entre os ingredientes foi o grande destaque da noite, com um agridoce ousado e único.
O terceiro prato trouxe cordeiro macio com feijão verde e demi-glace, novamente assinado por Onildo Rocha, demonstrando a força do prato nordestino contemporâneo. “O feijão verde não é uma espécie, é um estado. Ele está verde, fresco, vivo, o mesmo usado no baião ou no macaça. Tem também uma pasta de feijão verde com curry verde, então um pouco apimentado, cordeiro com glace e pimentão amarelo”, explicou.
Para encerrar, Gabriella serviu uma sobremesa de amendoim, maçã, canela e caramelo, resgatando memórias da infância. “Sou mineira, do interior, e trago muito essa memória da infância nos meus pratos. Essa sobremesa tem a delicadeza do amendoim, da maçã, da canela e do caramelo — é quase como um conto contado em colheradas, um jeito de trazer aconchego para a mesa”, disse.
A programação do festival segue neste fim de semana. No sábado (30), o último festin traz Caio Soter (BH), do restaurante Pacato, e o português Antonio Loureiro, do estrelado A Cozinha (PT), que mantém uma estrela Michelin desde 2018. Loureiro é conhecido por conjugar o receituário de seu país à criatividade da cozinha de autor.
O Sunset Fartura na Vinícola Trindade, grande novidade desta edição, volta no sábado. O evento une vinhos e alta gastronomia em um cenário de frente para a Serra de São José. Os convidados são Bruna Rezende (MG), do restaurante A Porca Voadora (BH), e Paulo Machado (MS), fundador do Instituto Paulo Machado.
Programação gratuita
Nos estandes das praças Santíssimo e Rodoviária, o público tem acesso gratuito a uma seleção de chefs que representam diferentes regiões do Brasil:
- Praça Santíssimo – Rafael Pires (RJ), Naiara Faria (MG), Cristóvão Laruça (MG), Marcio Teixeira Saldanha (MG), Enzo Ceccin (SC), Rafa Soares (SP), Juliana Morais (MG), Rodolfo Mayer (MG) e Vicente Teixeira (MG)
- Praça da Rodoviária – Yves Saliba (MG), Flávia Baltazar (MG), Vitor Martins (MG), Vânia de Queiroz (MG), Fernanda Fonseca (MG) e Marcos Lube (MG)
Serviço
- Quando: até domingo, 31 de agosto de 2025
- Onde: Largo das Forras, Praça Santíssimo e Praça da Rodoviária – Tiradentes (MG)
- Ingressos: programação das praças é gratuita; festins e sunset têm ingressos pagos e limitados (em farturabrasil.com.br)
Festival de Gastronomia de Tiradentes, neste sábado (30).
