O Banco Central do Brasil manteve a postura técnica e assertiva diante das incertezas do mercado e não alterou a taxa Selic, hoje em 13,75%.
O BC também não mudou o tom do comunicado, como muita gente esperava. Não foram feitas promessas de redução de juros nas próximas reuniões. Pelo contrário: além de dizer que a taxa deve ser mantida nos atuais níveis por mais tempo, o BC não descartou a possibilidade de até aumentar os juros, dadas as incertezas de médio e longo prazo.
O Banco Central elogiou a reoneração dos combustíveis e afirmou que isso diminuiu as incertezas no curto prazo. Mas a ausência do novo arcabouço fiscal e da reforma tributaria, e a volatilidade dos mercados internacionais, provocada por uma crise sistêmica que atingiu bancos americanos e o Credit Suisse, um banco gigante da Europa, trouxe mais incertezas.
Tem mais: a inflação não está sendo ancorada. O Boletim Focus, relatório do BC publicado toda segunda-feira, mostra que as projeções para a inflação não estão cedendo. O que pode fazer com que o Banco Central mude de ideia - e baixe os juros - só ocorrerá diante de uma forte desaceleração global dos juros.
Os mercados de trabalho americano e europeu estão aquecidos: o setor de serviços no pós-vacinação tem provocado a geração de empregos, a renda agregada permanece elevada e a inflação não cede da forma que está sendo perseguida pelos bancos centrais mundo afora.
Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, depois do comunicado nos Estados Unidos que elevou os juros hoje em 0,25 ponto percentual, deixou claro a prioridade no combate a inflação. Ele não descartou uma pausa, mas disse com todas as letras que os juros não caem nos EUA em 2023. Hoje pela manhã, em pronunciamento, Cristine Lagarde, do BC europeu, também disse que pode pausar ou voltar a subir os juros para combater a inflação. É a prioridade número um.
Os bancos centrais estão agindo de forma técnica e rigorosa para conter a perda de poder aquisitivo das famílias que ocorre com a inflação. Ela ataca e prejudica sempre os mais pobres, que não têm como se proteger: não há recursos para aplicar no sistema financeiro. Portanto, o remédio é amargo, mas as decisões mundo afora têm sido técnicas e prevalecido no combate à inflação.
No nosso caso, prevalece a vontade do BC de trazer a inflação para a meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional. A partir daí, a gente pode discutir, de novo, a mudança das metas inflacionárias.