Grande demais para quebrar ou grande demais para ajudar? Eis a questão!
Nós estamos falando do Credit Suisse, que na quarta-feira (16) chacoalhou as estruturas do mercado financeiro global, remetendo à quebra do Lehman Brothers em 2008.
São bancos com atuação global, e por isso a dor de barriga vivida pelo mercado ontem. Tudo começou logo de manhã, com uma entrevista de um dos membros do conselho do banco à Bloomberg. Ele disse que o maior acionista do Credit, o Banco da Arábia Saudita, não iria colocar mais nem um centavo para ajudar o banco. A partir daí, todo mundo saiu correndo comprando dólares, ouro e títulos do Tesouro Americano para se proteger.
As commodities vislumbram uma provável recessão de uma crise mais severa do sistema de financiamento global. O petróleo despencou, chegando a cair 7%, com o barril negociado abaixo de 80 dólares.
As commodities caíram, as bolsas caíram, o dólar subiu... foi um Deus nos acuda até o final dos trabalhos.
O fato: o banco central suíço anunciou um socorro ao Credit Suisse, e 50 bilhões de francos suíços já foram usados na tentativa de reorganizar a casa.
Nesse momento, foi um vira-vira danado! As bolsas se recuperaram e o índice Ibovespa - que chegou a cair mais de 2% - fechou em leve queda de 0,25%. O dólar, que chegou a subir quase 1,5%, batendo a marca de R$ 5,32, fechou a R$ 5,29.
O mesmo aconteceu nos Estados Unidos. O índice Nasdaq fechou com alta de 0,05% e as outras bolsas com quedas inferiores a 0,5%. Mas o drama continua e vamos observar as cenas dos próximos capítulos.
Mas a temperatura pode subir na semana que vem, porque haverá a decisão de política monetária nos Estados Unidos e no Brasil no dia 22. Por aqui, até agora, nada mudou. A expectativa do Banco Central é manter inalterada a taxa básica de juros, a SELIC, em 13,75%.
Nos Estados Unidos, há dúvidas. Parte do mercado aposta que o FED vai subir os juros em 0,25% para continuar a luta árdua contra a inflação. Na terça-feira (14), foi divulgado que o índice inflacionário americano caiu de 6,4% para 6%, mas ainda longe dos 2,5% pretendidos.
Aqui no Brasil, como eu disse, os juros deverão ser mantidos em 13,75% ao ano, e o comunicado por indicar se podem começar a cair lá para maio ou junho.
Eu acho que tudo vai depender muito do desenrolar do mercado financeiro global e do tamanho da crise - se ela é localizada ou se será sistêmica. E aí vai depender da sobrevivência do Credit Suisse e do arcabouço que será anunciado amanhã pela equipe econômica de Fernando Haddad e do presidente Lula. Caso o arcabouço fiscal seja forte, parrudo e crível, poderemos ter o início de queda dos juros ainda no primeiro semestre.
Portanto, vamos viver o tobogã da economia e essa Festa Junina antecipada dos marcado financeiro. Olha a cobra! É mentira!
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