Uma promessa de campanha inusitada feita pelo vereador Leandro Viana (PL), da Câmara de Contagem, pode gerar sua expulsão do partido e, talvez, até mesmo a perda do mandato. Viana, mais conhecido como Léo da Academia, registrou em cartório, em 2019, durante a preparação para a campanha de 2020, o compromisso de nomear um apoiador como seu chefe de gabinete na Câmara Municipal. Só que a tal promessa não foi cumprida e uma cobrança recente do apoiador terminou na polícia.
O ex-apoiador Igor Ferreira de Jesus relatou à polícia na última terça-feira (9) que, depois de publicar uma cobrança “indireta” nas redes sociais, recebeu uma ligação anônima o ameaçando. Igor disse que publicou uma mensagem sobre a “Semana Internacional da Cobrança” e, pouco tempo depois, recebeu uma ligação de número desconhecido dizendo que, se publicasse o contrato feito com o vereador, “isso não ficaria assim, que iriam pegar ele na rua.”
Depois da suposta ameaça, Igor Ferreira expôs o caso. O documento registrado em cartório passou a repercutir em grupos de políticos de Contagem. No PL, partido de Léo da Academia, tanto o presidente quanto o vice do diretório municipal do partido já afirmaram que podem expulsar o vereador.
“Oferecer vantagem em troca de apoio político é compra de votos, é crime eleitoral. O PL não é o tipo de partido que aceita a delinquência como algo natural. Se confirmada as acusações recomendarei ao presidente Deputado Junio Amaral a abertura de um processo de expulsão, ajuizaremos ação de perda de mandato junto ao TRE”, disse o vice do PL de Contagem, Wellington Silveira.
O deputado federal Cabo Junio, presidente do diretório, também confirmou que a legenda já apura o caso e, se confirmadas irregularidades, o vereador será expulso.
Na avaliação do grupo, o documento com a promessa pode configurar para a Justiça Eleitoral a captação ilegal de sufrágio, que é quando o candidato oferece ou promete para o eleitor qualquer tipo de vantagem pessoal, com a intenção de conseguir seu voto. Nesses casos o diploma de posse do candidato pode ser cassado, e, com, ele perde o mandato.
Em contato com a coluna, Léo da Academia afirmou que, na época do registro em cartório, não era nem pré-candidato a vereador e nem filiado ao PL. “O documento foi feito 1 ano e 8 meses antes da eleição, então é impossível configurar compra de voto, até porque eu não era candidato nem tinha, na época, pretensão a cargo público”, conta. Em relação a suposta ameaça, o parlamentar afirma que o fato nunca aconteceu e que o boletim de ocorrência registra somente a versão do ex-apoiador, “que inclusive vai ser candidato a vereador e está usando isso como trampolim”.