Cultivar a transcendência é necessidade fundamental do ser humano. No contexto atual, marcado por excesso de tarefas, tecnologias e distrações, corre-se o risco de negligenciar práticas essenciais à vida interior, o que leva a uma profunda crise de sentido. Quando a transcendência é deixada de lado, são geradas lacunas existenciais que afetam profundamente a vida pessoal, familiar e social. Essa crise de sentido aprisiona o ser humano na busca por lucro, consumo e poder, afastando-o de suas raízes e contribuindo para os desequilíbrios da sociedade.
Ao lado dos avanços da inteligência humana, convivem descompassos irracionais que ameaçam a essência da vida. Crescem a indiferença, as guerras e a desvalorização da vida, sobretudo dos pobres. Perdem-se os laços afetivos e multiplicam-se atitudes que prejudicam o próximo e levam à autodestruição. O progresso científico e tecnológico é essencial, mas indispensável é preencher a lacuna espiritual que cresce ao seu lado.
Sem o cultivo da transcendência, pessoas e grupos ficam presos a visões superficiais e efêmeras. A transcendência fortalece os alicerces existenciais, permitindo que o ser humano encontre sentido, evite manipulações e viva de forma plena. Ela conduz ao encontro consigo mesmo, com o semelhante e com Deus – fonte de toda existência. Por isso, não se trata apenas de pertencer ou não a uma religião, mas de adotar um estilo de vida que valorize o silêncio, a contemplação e o respeito à natureza.
A busca exclusiva por sucesso profissional e bem-estar material, sem dimensão espiritual, gera uma sociedade rica em tecnologia, mas pobre em humanidade. Nesse cenário, talentos são desperdiçados e as pessoas se isolam por medo das hostilidades sociais.
Cultivar a transcendência é libertar-se das prisões do egoísmo, encontrando no amor – cuja fonte é Deus – a comunhão que sustenta o viver autêntico. Uma vida sem transcendência torna-se uma sucessão de dias vazios, mesmo que se experimente alegrias passageiras. A alma precisa de encontrar o genuíno sentido da existência humana. O silêncio, a escuta de Deus em Cristo e a coragem de abrir-se à espiritualidade são caminhos seguros para reencontrar o essencial: o amor que dá sentido à vida.