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Aguilhão ético

Leia a coluna de Dom Walmor Oliveira de Azevedo, Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte

A fé é fonte que faz brotar motivações com força para promover mudanças profundas no coração humano. Uma experiência autêntica da fé, na mais singela simplicidade, transforma a vida, modifica objetivos pessoais, qualificando as relações entre seres humanos e com o meio ambiente. Qualificar o modo como as relações humanas se entrelaçam é uma demanda gritante, uma vez que se constata a preocupante deterioração desses relacionamentos. Essa deterioração tem um contraponto na experiência autêntica da fé.

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Compreende-se, pois, que a natureza não pode ser tratada como instrumento para alimentar ambições. O Papa Francisco, na Exortação Apostólica Laudate Deum, indica que é preciso lucidez e honestidade para reconhecer, em tempo, que o poder e o progresso gerados estão se voltando contra o próprio ser humano. O Papa reflete sobre um aguilhão ético para explicitar a decadência do poder real, disfarçada pelo marketing e pela informação falsa ou manipulada, mecanismos úteis nas mãos de quem tem maiores recursos para influenciar a opinião pública.

Um aguilhão ético que incomoda e precisa ser enfrentado pela luz de algo maior, apontando o mistério da paixão, morte e ressurreição de Jesus como o átrio, onde todos precisam se encontrar e ser interpelados, especialmente pela celebração da Semana Santa, um banho de conversão e compromisso ético.

O Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, dom Walmor Oliveira de Azevedo, presidiu a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e publica semanalmente aos sábados no Portal Itatiaia.

A opinião deste artigo é do articulista e não reflete, necessariamente, a posição da Itatiaia.