Tenho acompanhado as Olimpíadas de Paris que além de movimentar os atletas, também tem gerado excelentes reflexões de grandes executivos nas redes sociais. Uma que me chamou bastante atenção, e que me inspirou a escrever essa coluna, foi a do Cristiano Monteiro Parreiras, Diretor de Assuntos Corporativos e Sustentabilidade na Mineração Morro do Ipê.
Como todos sabem, eu adoro esse modelo de atuação colaborativo, e o Cristiano também, por isso, como já fiz com outros profissionais e com a autorização do mesmo, replico seu texto brilhante para juntos irmos além em uma importante reflexão: a impotência dos projetos sociais na formação de estrelas do esporte!
As medalhas olímpicas e o S de ESG
O que as medalhas de ouro da judoca Beatriz Souza e da ginasta Rebeca Andrade têm a ver com o S do ESG!?
Respondo: TUDO!
Rebeca Andrade iniciou a sua carreira no esporte aos 4 anos, no projeto social Iniciação Esportiva, da Prefeitura de Guarulhos, onde ficou conhecida como Daianinha de Guarulhos, em referência à ginasta Daiana dos Santos. Rebeca permaneceu no projeto entre 2005 e 2010.
O projeto de incentivo a prática esportiva atende crianças com idade entre 7 e 17 anos que, além de ginástica artística, ensina futsal, voleibol, basquete, futebol, handebol e natação. Anualmente 5 mil jovens são atendidos pelo projeto!
Beatriz Souza, a judoca de Peruíbe/SP responsável pela primeira medalha de ouro do Brasil nesses jogos olímpicos, deu os primeiros golpes no tatame aos 7 anos, em um projeto social desenvolvido no Centro de Artes Marciais pelo Sensei Samuel Lopes. Arrastada pelo exemplo do pai, também judoca, Beatriz foi atendida pelo projeto até os 14 anos, idade em que se destacou no esporte e passou a integrar a equipe do renomado Clube Pinheiros na Capital paulista.
O projeto social desenvolvido pelo Sensei de Peruíbe segue firme! Hoje atende 500 meninos e meninas e, já formou mais de 10 mil jovens ao longo de mais de 44 anos de atividades!
A história dessas incríveis e vitoriosas atletas olímpicas nos mostra a força transformadora que os programas sociais têm!
As portas abertas pelos programas foram os caminhos encontrados por nossas medalhistas para superarem as adversidades e deixarem o seu nome registrado na história dos jogos.
Compete a nós, gestores da agenda ESG no setor privado, fazermos uma curadoria de projetos sociais bem estruturados, fazendo opção por apoiar e desenvolver programas capazes de incluir pessoas e de reduzir desigualdades, dando oportunidades e transformando vidas! Esse é o maior legado que os programas sociais podem deixar para a nossa sociedade!
Parabéns às nossas atletas!!! Vocês nos enchem de orgulho!! Sigam inspirando os nossos jovens!!
Parabéns a todos que perseveram para levar adiante importantes projetos sociais por todo o nosso país! Vocês estão cuidando dos nossos próximos atletas olímpicos!!
Cristiano Parreiras
O post do Cristiano vem de encontro com o que presencio nos meus dez anos como Diretora Voluntária da OSC Sistema Divina Providência e Consultora em Desenvolvimento Social para várias empresas, os projetos sociais são as maiores “fábricas” de talentos esportivos, por isso, não é difícil você encontrar os chamados olheiros, realizando testes e buscas nesses locais. Infelizmente, a maior parte dos atletas ainda são muito mal remunerados e pouco valorizados, mas as empresas podem ter um papel crucial na melhoria desse cenário e um bom caminho é através da Lei nº 11.438/06 – Lei de Incentivo ao Esporte (LIE) –, como é mais conhecida, permite que recursos provenientes de renúncia fiscal sejam aplicados em projetos das diversas manifestações desportivas e paradesportivas distribuídos por todo o território nacional.
A Lei é uma ferramenta incrível para a inclusão social, pois, por meio de doações e patrocínios, as empresas podem apoiar os projetos executados através da Lei de Incentivo ao Esporte e que atendem um público diverso; crianças, adolescentes, jovens, adultos, pessoas com deficiência e idosos.
Mas por que os projetos sociais se tornaram referência de medalhas? Para mim a resposta está na força que essas crianças e jovens precisam ter para encarar muito mais que uma competição esportiva, mas sim, as dificuldades de uma vida sem recursos financeiros e muitas vezes, sem a presença de no mínimo, uma estrutura familiar.
Nossos medalhistas são verdadeiros guerreiros de uma sociedade desigual, injusta, sem oportunidades e o esporte, é para a grande maioria, a rota de fuga de caminhos que levam uma grande parte das nossas crianças e jovens das periferias, para a criminalidade.
Por isso é tão importante que as empresas tenham profissionais que entendam realmente o que é uma estratégia de ESG bem definida, que gere oportunidades de alto impacto e que consequentemente incentive OSCs que trabalham com ferramentas de inclusão social transformadoras como o esporte.
A medalha de ouro também precisa ser “colocada” em cada empreendedor social que, diariamente, luta para manter seu projeto esportivo ativo, apesar de todos os obstáculos enfrentados.
É como diz a letra do nosso hino : “verás que um filho teu não foge à luta”! Todos os atletas brasileiros, com ou sem medalha, merecem nossas palmas, e são a prova de que, a responsabilidade social, muda vidas e orgulha toda uma nação!