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Quarta cor nos semáforos? Pesquisa aponta que ‘luz branca’ reduziria trânsito em até 11%

Pesquisadores da Universidade Estadual da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, propõem adicionar ‘luz branca’ aos semáforos

Pesquisa propõe adicionar uma quarta luz aos semáforos

Pesquisadores da Universidade Estadual da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, propuseram uma mudança radical nos semáforos que conhecemos há mais de um século. A ideia é adicionar uma quarta luz, a “luz branca”, para organizar o trânsito quando houver carros autônomos suficientes no cruzamento.

A nova luz branca, chamada pelos pesquisadores de ‘fase branca’, só será acionada quando um número suficiente de carros autônomos estiver se aproximando de um cruzamento. Para o motorista de um carro comum, a regra será simples: seguir o veículo da frente. Se o carro da frente parar, você para. Se ele andar, você anda.

Os carros autônomos estarão se comunicando entre si e com o semáforo. A ideia é que eles calculem a melhor forma de atravessar o cruzamento sem bater e sem precisar parar, otimizando o fluxo de todos os veículos.

Quando não houver carros autônomos suficientes no local, o semáforo voltará a funcionar com as cores que já conhecemos: vermelho, amarelo e verde. A cor branca foi escolhida apenas como sugestão, mas qualquer cor que seja facilmente identificável pelos motoristas pode ser usada.

Entenda o que são carros autônomos

Para entender a proposta, é preciso saber o que são os carros autônomos. São veículos que usam tecnologia, como sensores, câmeras e computadores, para dirigir sozinhos, sem a necessidade de um motorista humano no comando o tempo todo. Eles conseguem “ver” outros carros, pedestres e obstáculos na rua.

Outro termo importante é o V2X, sigla em inglês que significa ‘Veículo para Tudo’. É uma tecnologia de comunicação sem fio que permite que os carros ‘conversem’ com outros carros, com os semáforos e com outros elementos da rua, como placas e sensores. É essa ‘conversa’ que permite a organização do trânsito na fase branca.

Benefícios práticos para quem trabalha e usa o carro todo dia

Os estudos feitos pelos pesquisadores americanos mostram que os benefícios serão sentidos por todos, mesmo por quem não tem um carro autônomo. As simulações realizadas em computador mostraram que a nova luz pode trazer vantagens importantes para o dia a dia do trabalhador.

Com apenas 10% de carros autônomos circulando, o tempo de espera nos cruzamentos já diminui em 3%. Pode parecer pouco, mas para quem pega trânsito todo dia, isso significa chegar mais cedo no trabalho e voltar mais cedo para casa. Quando 30% dos carros forem autônomos, a redução no tempo de espera chega a 10,7%.

O consumo de combustível também diminui porque há menos ‘para e anda’ no trânsito. Isso significa mais dinheiro no bolso no fim do mês, especialmente para quem trabalha com o próprio carro, como motoristas de aplicativo, vendedores e representantes comerciais. Além disso, passar menos tempo parado no trânsito significa um dia a dia mais tranquilo. Menos estresse no trânsito pode melhorar a qualidade de vida e até a saúde do trabalhador.

Onde e quando isso pode acontecer?

Não existe nenhum projeto de adoção da alteração no Brasil ou em outros países. A proposta ainda está em fase de estudo e depende de um número maior de carros autônomos nas ruas, o que ainda vai demorar alguns anos para se tornar realidade.

A perspectiva é de que os primeiros testes podem ser feitos em locais com muito tráfego de caminhões, como portos e centros de distribuição. Isso porque os veículos comerciais têm maior tendência a adotar a tecnologia autônoma antes dos carros de passeio.

No Brasil, ainda não há carros totalmente autônomos circulando nas ruas. A tecnologia está sendo testada em outros países, como Estados Unidos, Alemanha e China. Quando chegar aqui, provavelmente será primeiro nas grandes cidades, como São Paulo e Rio de Janeiro.

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Semáforos existem há mais de 150 anos

Para entender a importância da proposta, é preciso lembrar que os semáforos existem há muito tempo. O primeiro do mundo foi instalado em Londres, na Inglaterra, em 1868. No Brasil, o primeiro semáforo chegou em 1928, na cidade de São Paulo.

Durante todos esses anos, o sistema sempre funcionou da mesma forma: vermelho para parar, amarelo para atenção e verde para seguir. A proposta americana seria a primeira mudança significativa nesse sistema em mais de um século.

O estudo completo, chamado “White Phase Intersection Control Through Distributed Coordination”, já foi citado por outros 20 trabalhos científicos, mostrando que a comunidade acadêmica está prestando atenção na proposta. Isso indica que a ideia tem potencial para se tornar realidade no futuro.

*sob a supervisão de Rômulo Ávila

Amanda Alves é graduada, especialista e mestre em artes visuais pela UEMG e atua como consultora na área. Atualmente, cursa Jornalismo e escreve sobre Cultura e Indústria no portal da Itatiaia. Apaixonada por cultura pop, fotografia e cinema, Amanda é mãe do Joaquim.