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Painéis solares podem se tornar problema ambiental

É preciso pensar na reciclagem desses itens para evitar que o descarte seja inadequado

Módulos solares precisam de solução de reciclagem

Uma das fontes renováveis de energia mais procuradas em todo o mundo é a energia solar. Como não emite gases estufa, é uma ótima alternativa aos combustíveis fósseis. É importante, no entanto, pensar em como os módulos solares vão ser reciclados, já que sua vida útil é de até 25 anos.

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Segundo Rong Deng, especialista em reciclagem de módulos solares na Universidade de New South Wales, na Austrália, já foram instalados mais de 1 terawatt de capacidade solar no mundo. “Painéis comuns têm capacidade de cerca de 400W. Deve haver perto de 2,5 bilhões deles instalados”, diz.

Ute Collier, diretora da Agência Internacional de Energias Renováveis, lembra, em entrevista à BBC, que é preciso pensar em como esses resíduos vão ser administrados. Cálculos de especialistas apontam que, nas próximas décadas, milhões deles serão descartados e substituídos.

Há expectativa sobre a inauguração, até o fim deste mês, da primeira estação no mundo dedicada exclusivamente a essa atividade. A empresa, localizada na França, que vai executar essa tarefa é a Rosi Solar, que espera futuramente reaproveitar até 99% dos componentes dos módulos solares descartados. Atualmente, a Rosi é a única empresa do segmento que tem operações em nível industrial.

Isso inclui o vidro, a estrutura de alumínio e até prata, silício e cobre vindos dos componentes internos dos painéis. Os metais podem ser utilizados em painéis até melhores, mas são apenas pequenos fragmentos: se forem extraídos de forma eficiente, o processo pode ser economicamente viável. “Mais de 60% do valor está em 3% do peso dos módulos solares”, avalia Nicolas Defrenne, diretor geral da Soren, que atua, ao lado da Rosi, nas ações de redução de impactos ambientais.

A equipe da Soren espera que, no futuro, aproximadamente ¾ dos materiais necessários para fazer novos módulos solares possam ser retirados de unidades recicladas — isso vai aumentar a velocidade de produção de novas unidades. Atualmente, não há prata suficiente para fabricar os milhões de painéis necessários para a transição dos combustíveis fósseis.

O alumínio e o vidro são recuperados em sua maioria, mas o vidro, particularmente, é de baixa qualidade. Ele pode ser usado na fabricação de azulejos ou misturado na composição de asfalto, mas não é útil na produção de outros módulos solares.

O relativo barateamento da tecnologia tem feito cada vez mais empresas e residências a adotarem. Em 2021, a infraestrutura solar instalada no mundo cresceu 22%. Além disso, a troca antes do fim da vida útil dos módulos (após 10 ou 15 anos de uso) é comum, já que alguns modelos se tornam obsoletos e sua eficiência de geração é reduzida.

Segundo Ute, até 2030, o mundo terá 4 milhões de toneladas de painéis solares descartados. Em 2050, podem ser mais de 200 milhões de toneladas. Para comparação, atualmente são produzidas 400 toneladas de plástico todo ano. “Agora é a hora de pensarmos nisso,” diz ela. “Enquanto há tempo para garantir que algo que veio para solucionar um problema não se torne outro.”