Desde que recebeu plugins que permitem sua conexão à internet — e, assim, acesso a conteúdo que não está incluído em sua base de dados original —, a inteligência artificial do ChatGPT passou a poder ir além do que seus treinos iniciais permitiam. Antes disso, o conhecimento do robô era limitado a acontecimentos até setembro de 2021.
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A OpenAI já havia testado uma versão web da ferramenta, mas o resultado não foi satisfatório. Às vezes, o robô usava informações de fontes pouco confiáveis — já que não era totalmente capaz de avaliá-las — e era incentivado a oferecer conteúdo mais persuasivo, mas não necessariamente correto. Isso ocorre porque as informações disponíveis na internet são pouco controladas, diferentemente do material usado no treinamento do ChatGPT.
Os plugins não são livres de falhas: o acesso irrestrito à internet permite que o sistema colete informações de infinitas fontes e a chance de o robô fornecer respostas incorretas — mesmo que pareçam convincentes — é maior. Para minimizar essas ocorrências, a OpenAI criou mecanismos de proteção.
Comparação entre versões
Pesquisadores de inteligência artificial da Microsoft compararam as versões GPT-3 e GPT-4 do robô. Para isso, propuseram testes e desafios a elas. Um deles pedia que a inteligência artificial propusesse a melhor forma de empilhar um livro, nove ovos, um laptop, uma garrafa e um prego de maneira estável.
A versão mais atual do sistema sugeriu colocar os ovos sobre o livro, dispostos em três fileiras com espaço entre elas. “Certifique-se de não quebrá-los”, recomendou. Em seguida, posicionar o laptop sobre eles, com a tela para baixo e o teclado para cima. “O laptop caberá perfeitamente dentro dos limites do livro e dos ovos, e sua superfície plana e rígida fornecerá uma plataforma estável para a próxima camada.”
O GPT-3, que tem banco de dados limitado a 2021, por sua vez, sugeriu posicionar a garrafa em uma superfície plana, equilibrar o prego sobre ela e, em seguida, colocar os ovos sobre o prego. O laptop viria em cima dos ovos e o livro no topo da pilha.
Os pesquisadores apontam que a solução oferecida pelo GPT-4 mostra que essa versão da inteligência artificial tem mais compreensão do mundo físico. Peter Lee, chefe do departamento de pesquisa da Microsoft, lembra que muitos se surpreendem com a habilidade dela de criar texto. “Só que ela é muito melhor em analisar, sintetizar, avaliar e julgar texto do que em criá-lo.”
A evolução da tecnologia tem preocupado especialistas e autoridades mundo afora. Stephen Hawking já havia apontado que uma inteligência artificial avançada poderia destruir a humanidade. Paralelamente, muitos países já discutem sua regulamentação: aqui no Brasil, por exemplo, um projeto de lei nesse sentido já está no Senado Federal.