As investigações contra os grupos que incentivam ataques a escolas e formas semelhantes de violência têm conseguido reduzir a circulação desse tipo de conteúdo na internet. Essa é a avaliação da pesquisadora Michele Prado, que monitora grupos que
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Michele atua no Monitor do Debate Político no Meio Digital da Universidade de São Paulo (USP) e é autora dos livros “Tempestade Ideológica — Bolsonarismo: A alt-right e o populismo iliberal no Brasil” e “Red Pill — Radicalização e Extremismo”. Apesar de contas que foram suspensas terem reaparecido, agora, segundo ela, os extremistas restringem o acesso aos
Em plataformas de jogos online, que parte desses grupos usam para se comunicar, os extremistas têm retirado os conteúdos do ar de forma a evitar a identificação. “Às vezes o próprio criador do servidor desconfia que tem infiltrados e derruba [o servidor]”, conta Michele, com base em observações feitas nas últimas semanas.
Para ela, diminuir o acesso a conteúdos que incitam à violência ajuda a reduzir o risco de ataques. “Quanto mais conteúdo inspiracional circula, mais potenciais imitadores a gente tem. Então, o fato de ter conseguido derrubar esse conteúdo atua de forma positiva para a gente tentar diminuir o potencial de novos atentados”, destaca. Ela trabalha em um relatório para embasar as ações do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) nesse sentido.
Uma medida que a pesquisadora considera útil é a criação de um banco com a identificação digital de conteúdos que já tenham sido apontados como incitadores de violência. “Então, você cria um banco de dados com as impressões digitais e manda para essa
Comunidades de ódio
Segundo Michele, essas comunidades reúnem
Ela explica que há indivíduos predispostos ou que realmente cometem ataques, como há os que se dedicam a criar e disseminar conteúdos para incentivar a radicalização. “Tem pessoas que estão ali só para produzir e disseminar conteúdo inspirador. Os edits [vídeos], as armas, os marcadores estéticos. Tem gente que está só para disseminar conteúdo com instruções de como deixar a arma mais letal e como produzir o maior número de vítimas”, detalha.
São esses indivíduos que, segundo ela, distribuem o conteúdo ideológico ligado à extrema-direita mundial e, muitas vezes, sabem antecipadamente dos atentados. “Esses que só fazem isso são uma espécie de catalisadores. Às vezes, eles sabem com antecedência que o atentado vai acontecer tal dia e qual é o nome do agressor”, explica ela.
Essas mensagens também são distribuídas por