Nas cidades de Nova York e Seattle, os departamentos de educação bloquearam o acesso ao ChatGPT em dispositivos e redes escolares. Jenna Lyle, porta-voz do órgão de Nova York, diz que o bloqueio tem relação com “preocupações com impactos negativos no aprendizado dos alunos e preocupações com a segurança e a precisão do conteúdo”.
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A habilidade do sistema de criar sugestões de redação em diversas áreas do conhecimento preocupa educadores. Daniel Herman, professor de inglês, declara que o chatbot representa o “fim do inglês no ensino médio” em artigo publicado pelo The Atlantic.
Já Adam Stevens, professor de história da Brooklyn Tech, avalia que os temores são parecidos com os que ocorreram quando o Google surgiu e foi considerado o destruidor de pesquisas acadêmicas. Para ele, a melhor maneira de desencorajar o uso do ChatGPT é estimular as habilidades de escrita crítica entre os alunos a partir de temas “que os convidem a explorar coisas que valham a pena conhecer”. Stevens destaca que “treinamos toda uma geração de crianças para buscar a nota, não o conhecimento”.
Em algumas universidades nos EUA, professores têm proposto mais trabalhos em grupos, redações manuscritas e exames orais. “Tentamos instituir políticas gerais que respaldem a autoridade do professor para ministrar uma aula, em vez de visar métodos específicos de trapaça”, diz Joe Glover, reitor da Universidade da Flórida. “Essa não será a última inovação com que teremos de lidar.”
Antony Aumann, professor de filosofia na Universidade do Norte de Michigan, encontrou uma redação que explorava a moralidade da proibição da burca com parágrafos claros, exemplos adequados e argumentos rigorosos. Ele duvidou do texto e, ao confrontar o aluno, o viu assumir ter usado inteligência artificial para realizar a atividade.
O professor decidiu transformar a redação de seus cursos neste semestre: ele planeja exigir que os alunos escrevam o primeiro rascunho na sala de aula em navegadores que monitoram e restringem a atividade do computador. Nos rascunhos posteriores, os estudantes devem explicar as revisões. Além disso, ele planeja incluir o ChatGPT nas aulas para que os alunos avaliem as respostas da inteligência artificial.
Reconhecimento e limitações
A OpenAI diz que compreende o poder da tecnologia para enganar e que já desenvolve ferramentas para auxiliar no reconhecimento de textos escritos por inteligências artificiais. Além disso, a companhia informa que o ChatGPT tem algumas limitações:
ele pode ocasionalmente oferecer informação incorreta;
ele pode ocasionalmente produzir instruções prejudiciais ou conteúdo enviesado;
ele tem conhecimento limitado sobre o mundo e eventos ocorridos depois de 2021.