Ouvindo...

Refinarias de petróleo são mencionadas em grupos de vândalos em redes sociais

Pesquisadores apontam que frequência do tema aumentou desde o início de 2023

Refinarias são alvos mencionados em grupos de criminosos que atacaram Brasília

Os grupos usados para organizar os atos criminosos em Brasília, no domingo (8), têm apresentado uma frequência preocupante da palavra “refinaria”. “O que a gente observa agora é o aumento assustador da palavra ‘refinaria’ nesses grupos”, conta Leonardo Nascimento, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), em entrevista à BBC.

Leia mais:

Ao lado de Letícia Cesarino, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), e Paulo de Freitas Castro Fonseca, da UFBA, ele monitora os grupos usados pelos vândalos. Nascimento destaca que, nos primeiros oito dias de 2023, houve 2.828 menções ao termo “refinaria” em 439 canais (que só transmitem anúncios) e 228 grupos (onde é possível trocar mensagens) do Telegram.

Nos oito dias anteriores, foram apenas 39 menções à palavra. Isso representa, então, um aumento de mais 7.000%. “Era um termo que quase não era mencionado, a não ser em discussões sobre redução da alíquota do imposto do combustível. De repente, ele aparece nos grupos, no contexto de que é necessário ir até as refinarias da Petrobras para atacá-las”, diz. A finalidade da ação seria impedir a distribuição de combustível. “Ou seja, eles têm alvos específicos”, destaca o pesquisador.

A Federação Única dos Petroleiros (FUB), sindicato da categoria, afirma que está em alerta desde a noite de domingo para verificar risco e anormalidades nas refinarias. Além disso, a entidade informa que enviou um documento à Gerência Executiva de Inteligência e Segurança Corporativa (ISC) da Petrobras.

No Twitter, Jean Paul Prates (PT-RN), indicado para a presidência da Petrobras, informa que convocações para bloquear acessos e provocar desabastecimento “foram todas evitadas com reforço na vigilância, na inteligência e apoio das forças policiais dos respectivos estados”.

Nascimento aponta que outros ataques começaram a ser cogitados nesses grupos. “Minha maior preocupação é que esse tipo de ocorrência venha a se tornar frequente e com consequências desastrosas para o país”, diz. “O medo de que ocorra algum evento catastrófico é a vitória deles. Isso é o terror. No momento em que você diz ‘vai acontecer algo, não vai ter gasolina, é o que eles estão falando’, isso já é instaurar o terror.”

Ataques a torres de energia

Em boletim divulgado nesta terça-feira (10), a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e o Ministério de Minas e Energia (MME) informaram indícios de “sabotagem e vandalismo” em algumas torres de transmissão. Pelo menos uma delas foi derrubada, em Rondônia. “Às 21h30 do dia 8 ocorreu desligamento automático da LT 230kV Samuel Ariquemes C3. Houve duas tentativas de energização sem sucesso. Foi confirmado pelo agente que houve queda da torre nº 219. Há indícios de vandalismo.”

Os órgãos montaram um gabinete de crise para apurar os ataques. A assessoria do MME informou à reportagem da Itatiaia que os trabalhos estão em andamento e atualizações serão divulgadas em breve.