Em 3D, assim como a produção anterior,
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Quando fez “Avatar”, lançado em 2009, James Cameron apostou em novas tecnologias para a produção: câmeras foram criadas para filmar os efeitos digitais que transformaram atores humanos em criaturas animadas. Essa nova forma de capturar imagens e o uso de 3D estão entre as novidades da época que garantiram fama ao filme.
Agora, em “O Caminho da Água”, Cameron incorpora tecnologia subaquática de gravação e mais sofisticação às imagens geradas por computador (Computer-Generated Imagery – CGI). Em vez de imitar cenas embaixo d’água — com os atores suspensos por cabos —, os personagens foram submersos em um tanque com 3,4 milhões de litros de água que reproduz movimentos oceânicos. Com isso, as cenas ficam mais naturais e a movimentação dos atores condiz mais com a realidade.
Para filmá-lo, foi necessário usar câmeras que filmam debaixo d'água. A equipe conectou conecta várias câmeras Venice da Sony para criar um sistema 3D estereoscópico. Além disso, foi desenvolvido um processo que captura imagens de cima e de baixo e depois as integra em uma única imagem. Isso exigiu o uso de algoritmos e inteligência artificial para transformar o que foi gravado no que vai para a tela do cinema.
Durante a produção do
Quando faz as gravações, a equipe obtém um pacote rico em dados e visualmente indistinto. Nele, há iluminação, atuação e movimentos de câmera. Esse material é chamado de modelo. A empresa especialista em efeitos especiais Wētā é quem aplica a animação.
Cameron destaca que esse tipo de animação é diferente do produzido pela Pixar, por exemplo. “É preciso traduzir os dados capturados para o personagem de computação gráfica em 3D, mas os atores já definiram o que fizeram”, explica. “Há todos os tipos de etapas de inteligência artificial lá.”
Cinema e Ciência
Desde criança, Cameron tem inclinação para a Ciência. Em uma cena de pouso de helicóptero em “O Caminho da Água” ele avalia a Física da situação. “Gosto dessa explosão na superfície da água. Está funcionando bem”, diz. “Não vejo necessidade de fazer mais nada.” Quando o especialista em efeitos especiais concorda, Cameron diz que ele deve buscar a perfeição. “Você deveria dizer: ‘está bom para você, mas para mim ainda não’. ”
O diretor é um cineasta autodidata: quando ainda tinha 20 anos, frequentava a biblioteca da Universidade do Sul da Califórnia (University of Southern California – USC) — que tinha um curso de Cinema que ele não podia pagar. Lá, tirava cópias de dissertações que considerava interessantes.
À época, ele era motorista de caminhão e, paralelamente, estudava sobre processo de sódio, tela azul, impressão óptica, emulsões de filme, lentes, cinematografia e outros, enquanto fazia suas próprias anotações. “Basicamente, fiz faculdade de efeitos visuais e cinematografia enquanto dirigia um caminhão”, diz à GQ.
Hoje, Cameron é conhecido por ser uma combinação de diretor e inventor, bem como por ser capaz de fazer qualquer atividade em um set de filmagem. E há quem diga que ele as faz melhor do que os próprios especialistas que contrata. Para Avatar, ele criou um equipamento que permitia ver os personagens em seus ambientes de computação gráfica em tempo real enquanto filmava.
Antes de seu lançamento no cinema, “Avatar” enfrentou muito ceticismo em relação às tecnologias aplicadas no título — especialmente o uso de 3D. Depois, a produção se tornou um dos filmes de maior bilheteria de todos os tempos. A expectativa para “O Caminho da Água” é semelhante.
Sensações físicas
Entre aqueles que já foram ao cinema ver o filme, há quem diga que algumas cenas causam dores de cabeça e
Fabiano de Abreu, pós-doutor em neurociências, diz em entrevista ao Tilt que a taxa de 48 quadros por segundo fornece o dobro de informações ao cérebro. Segundo ele, isso é ainda mais expressivo em cenas em que a câmera está próxima de objetos ou personagens.
As sensações físicas são a resposta ao estranhamento causado por esse processo. “Nosso cérebro está habituado a uma determinada qualidade e velocidade de imagens. Cada vez mais as câmeras têm sido capazes de produzir imagens em resoluções de até 16K, o que é muito além do que nosso sistema está acostumado a lidar”, afirma.
Quando é visto em cinemas com salas 3D, a sensação pode ser ainda pior porque a combinação de HFR aos estímulos sonoros e visuais do filme (cores, 3D e outros) pode afetar indivíduos com hipersensibilidade. Por isso, quem é mais sensível, deve optar por uma sala de cinema que exiba o filme em 2D e em uma tela menor.