Ouvindo...

Neuralink é investigada por mortes de animais de teste

Segundo funcionários, ocorrências aumentaram significativamente depois que Elon Musk pediu que testes fossem acelerados

Empresa afirma que cuida bem dos animais de teste

Para obter autorização da Administração de Alimentos e Medicamentos (FDA) dos EUA para implantar seus chips cerebrais em humanos, a Neuralink, de Elon Musk, já testa os dispositivos em animais há meses. Fundada em 2016, a empresa atua na criação de tecnologia para conectar o cérebro humano a computadores. Agora, porém, a companhia passa por verificação por supostas violações aos direitos dos animais.

Leia mais:

A investigação foi iniciada pelo Inspetor Geral do Departamento de Agricultura americano. Ela tem como base a Lei de Bem-Estar Animal, que indica como os pesquisadores devem conduzir tratamentos e testes em animais. Segundo a Reuters, os testes levaram a mortes desnecessárias: foram 1,5 mil animais desde 2018.

A empresa usa porcos, macacos, ovelhas e ratos como cobaias. A quantidade de mortes divulgadas é uma estimativa, já que a empresa não mantém registros atualizados sobre essas ocorrências. Funcionários dizem que muitas dessas mortes poderiam ter sido evitadas se não houvesse tanta pressão de Musk por resultados rápidos. Segundo eles, uma das táticas do executivo para pressionar os pesquisadores é pedir que imaginem uma bomba amarrada em suas cabeças.

De acordo com a agência de notícias, para acelerar o desenvolvimento da empresa e de seus produtos, houve experimentos descuidados e aumento de animais de teste mortos. A maioria dos atingidos foram ratos e camundongos. O Comitê de Médicos pela Medicina Responsável, acusa a Neuralink de mutilar macacos na busca por uma interface cérebro-máquina.

Há, entretanto, menção à morte de 25 porcos em 2021 após receberem dispositivos de tamanho errado. Os próprios funcionários dizem que o erro poderia ter sido evitado se eles tivessem tido mais tempo de preparação. O teste, então, foi refeito em 36 ovelhas, que morreram após o fim da pesquisa: ou seja, mais mortes foram registradas em decorrência do erro inicial.

Em fevereiro deste ano, a Neuralink detalhou seu “Compromisso com o Bem-Estar Animal”. No site oficial, a companhia explica que a pesquisa foi conduzida em porcos e macacos e revela detalhes sobre suas futuras práticas. Além disso, a empresa informa que seis animais passaram por eutanásia por razões variadas.

Um pelo uso do adesivo biológico BioGlue, outro pelo chip cerebral em si e quatro por infecções. Ativistas afirmam que os macacos morreram porque a empresa usou a cola cirúrgica errada, o que fez que os animais sofressem desnecessariamente antes da morte. A Sociedade Americana para a Prevenção de Crueldade com os Animais aponta que 800 mil animais são mortos em estudos anualmente nos EUA.

Na quarta-feira passada (30), Musk divulgou a possibilidade de a companhia iniciar testes em humanos nos próximos seis meses se tiver autorização da FDA. A Neuralink está desenvolvendo um implante cerebral que, segundo o empresário, ajudaria pessoas paralisadas a andarem novamente, bem como poderia ser benéfico para outros danos neurológicos. A empresa ainda não se manifestou sobre as acusações.