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Chegada de Elon Musk ao Twitter pode ser acompanhada de muitas mudanças

As primeiras promessas do empresário começaram a ser concretizadas na companhia

Elon Musk parece ter finalmente concluído a aquisição da plataforma

A chegada de Elon Musk ao Twitter não foi nada discreta: o empresário foi à empresa com uma pia nas mãos. Se sua entrada teve tom de piada (enquanto “sink” significa “pia”, “let that sink in”, em português, é algo como “deixe a ficha cair”), suas primeiras ações confirmaram suas promessas.

A primeira medida de Musk foi dispensar executivos. Entre eles estão Parag Agrawal, CEO, Ned Segal, diretor financeiro, e Vijaya Gadde, diretora de jurídico, políticas públicas e confiabilidade. Sean Edgett, conselheiro geral da empresa, foi afastado. E não deve parar por aí: na semana passada, ele disse que desligaria 75% dos colaboradores (embora, recentemente, tenha desmentido esse percentual). Além disso, na madrugada desta sexta-feira, ele tuitou que “o pássaro está livre” — um trocadilho com o símbolo da rede social.

Ainda não se sabe como as alterações na equipe vão afetar a operação. Até o momento, o Twitter não se pronunciou oficialmente sobre a aquisição, mas a confirmação oficial só ocorre após entendimento das partes, a divulgação dos termos da compra e registro nas autoridades competentes, como a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC), e aprovações regulatórias. Não há informações sobre como as mudanças vão se refletir no Brasil.

O “Chief Twit” (mais um trocadilho do empresário: “twit” são as publicações do Twitter, mas “Chief Twit” é “Chefe Bobo” em tradução livre) deve permanecer como CEO interino do Twitter até encontrar um nome de confiança para o cargo. Em comunicado, ele conta que comprou o Twitter para criar um espaço livre para debates.

Justamente por isso, entre suas próximas ações pode estar a reversão de suspensões permanentes (como a que afetou Donald Trump, ex-presidente dos EUA, depois de ele incitar a violência nos atos contra o Capitólio). Isso beneficiaria, além de Trump, integrantes de movimentos anticiência e de grupos supremacistas, bem como criadores de notícias falsas.

Para defensores de direitos civis, as ações de Musk podem criar um “motor sobrecarregado de radicalização”, “toxificará ainda mais o ecossistema de informações e será uma ameaça direta à segurança pública”. O retorno de Trump traria grande impacto à rede social e ampliaria seu alcance justamente quando as mídias sociais lutam contra desinformação e fake news. Trump tinha mais de 88 milhões de seguidores.

Grupos de direitos humanos pedem aos anunciantes do Twitter que boicotem a plataforma em caso de flexibilização das políticas em relação a discurso de ódio e desinformação. Musk, por sua vez, tenta tranquilizar os anunciantes e diz que busca construir um lugar “caloroso e acolhedor para todos”.

Boa parte das regras da plataforma combate discursos de ódio e desinformação, além de temas sensíveis — e foi isso que levou a várias suspensões. Musk diz que a remoção de tuítes, fotos e vídeos só vai ocorrer se houver violação da legislação. Para isso, entretanto, as diretrizes da rede social terão de ser reformuladas.

Outra mudança no Twitter pode ser o fechamento do capital da companhia. A negociação de ações da plataforma na bolsa de valores foi interrompida e não há previsão de retorno.