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Elon Musk pode reduzir equipe do Twitter em 75%; ações da plataforma caem

Governo de Joe Biden quer investigar empresário por ameaça à segurança nacional

Polêmicas têm sido constantes em acordo entre Elon Musk e Twitter

Os atuais 7,5 mil colaboradores do Twitter podem ser reduzidos para cerca de 2 mil se Elon Musk concluir a compra da rede social na próxima semana. As informações estão em documentos confidenciais e o objetivo da iniciativa seria melhorar a eficiência da plataforma. O objetivo é ter uma equipe mínima e, com a medida, dobrar a receita da empresa em três anos e triplicar o número de usuários monetizáveis ativos por dia.

As declarações do empresário, entretanto, parecem não ter convencido todos os investidores. As gestoras de investimento T. Rowe Price, TPG e Warburg Pincus, que comandam US$ 1,4 trilhão em capital, não vão investir na plataforma se Musk assumir o comando. Reid Hoffmann (fundador do LinkedIn) e Peter Thiel (envolvido com o Partido Republicano) também não.

Entre os envolvidos no acordo estão Larry Ellison (cofundador da Oracle), Doug Leone (sócio do fundo Sequoia) e Kenneth Griffin (fundador e CEO do fundo de hedge Citadel). Além disso, Musk lançou um perfume e pediu que seus fãs o comprassem para ajudá-lo a comprar a rede social: o estoque esgotou em horas. Para Dan Ives, da consultoria Wedbush Securities, tornar a rede social lucrativa vai ser um grande desafio. “Comprar o Twitter era a parte fácil. Difícil vai ser consertá-lo”, avalia.

Mesmo sem a aquisição, o Twitter deve passar por mudanças. Antes de Musk se envolver, a companhia já planejava cortes: a ideia era que o custo de pessoal fosse reduzido para US$ 800 milhões em 2023 — em 2021, foram US$ 1,5 bilhão. Uma das preocupações é que os cortes atinjam os data centers, o que pode tornar a rede social instável, prejudicar a usabilidade e aumentar as vulnerabilidades.

Sean Edgett, conselheiro geral do Twitter, informou a equipe por e-mail nesta sexta-feira (21) que não planos de dispensar colaboradores. Segundo ele, as “discussões sobre economia de custos” foram suspensas que o acordo de compra foi assinado. Ainda não houve, entretanto, posicionamento oficial da rede social sobre o assunto.

Para Edwin Chen, cientista de dados que já trabalhou no Twitter, o impacto das demissões deve ser sentido pelos usuários do Twitter. “Seria um efeito cascata: você teria os serviços caindo e os colaboradores sem o conhecimento necessário para recuperá-los. Eles ficariam completamente desmoralizados e iam querer deixar a companhia”, analisa.

Segurança nacional e bolsa de valores

Paralelamente, publicações de Musk no Twitter sobre a guerra entre Rússia e Ucrânia incomodaram Joe Biden, presidente dos EUA, por conterem postura favorável à Rússia. Agora, o governante pode submeter os negócios do empresário a análises da Segurança Nacional do país — isso inclui, além das companhias de Musk, a compra do Twitter.

Além de citar ideias para acabar com o conflito (como a rendição da Ucrânia), o empresário ameaçou parar de fornecer o sinal da internet via satélite Starlink aos ucranianos — no momento, ela é a principal ferramenta de comunicação por lá. Com a repercussão negativa, ele voltou atrás.

Isso fez Biden encará-lo como um risco. Basta lembrar que Musk vai ao Espaço quando quer com a SpaceX, pode corta o sinal da Starlink e intervir em uma guerra, e ainda se associa a Alwaleed bin Talal, príncipe da Arábia Saudita, à bolsa de ativos digitais chinesa Binance e ao fundo soberano do Qatar para comprar o Twitter.

O governo americano diz que não comenta análises em andamento, as, segundo a Bloomberg, Biden procura os dispositivos e órgãos mais adequados para avaliar os negócios do empresário. Isso fez o preço das ações do Twitter caírem quase 6% na Bolsa de Valores de Nova York nesta sexta-feira.

Desde 6 de outubro, depois de Musk aceitar prosseguir com o acordo, o processo do Twitter contra ele está suspenso. Ele tem até a próxima sexta-feira (28) às 17h (18h pelo horário de Brasília) para encontrar meios de financiar a aquisição. Segundo a juíza Kathaleen McCormick, se o negócio não for concluído no prazo, um novo julgamento pode ser marcado para novembro.