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Torta de frango: tudo sobre a investigação que terminou com dois indiciamentos

O consumo do alimento levou a morte de uma idosa de 75 anos e deixou um jovem casal com sequelas

Coletiva da Polícia Civil sobre o caso Torta de Frango contaminada em BH

A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) deu detalhes da investigação que terminou com indiciamento do padeiro e do dono de uma padaria na Região da Pampulha, em Belo Horizonte. O estabelecimento vendeu uma torta de frango que levou a morte de uma idosa de 75 anos e deixou um jovem casal com sequelas.

Em entrevista coletiva, realizada na manhã desta quarta-feira (27), a PCMG indicou que houve intoxicação pela toxina botulínica, que embasou o indiciamento do padeiro e do dono da padaria por lesão corporal culposa e por homicídio culposo — quando não há intenção de matar.

A Polícia Civil também deu detalhes sobre as condições legais de funcionamento da padaria, da produção da torta contaminada e da dinâmica da apuração dos fatos.

Veja o tudo que a investigação concluiu

◦ A investigação concluiu que houve uma intoxicação pela toxina botulínica.

◦ A toxina era proveniente de uma bactéria e afetou a senhora de 75 anos e o casal de 23 e 24 anos.

◦ A intoxicação foi causada pela ingestão de uma torta de frango adquirida no mesmo dia, que estava imprópria para consumo.

Condições da padaria

◦ A padaria operava em condições impróprias para a produção, armazenamento e venda de alimentos.

◦ Havia muitos alimentos não devidamente acondicionados, com alimentos crus e fabricados misturados, destampados, e sem refrigeração adequada.

◦ A falta de respeito e cuidado com o local que vende alimentos foi destacada.

◦ O estabelecimento não possuía as devidas licenças e alvará de funcionamento.

Padrão de produção e contaminação

◦ As tortas eram fabricadas em lotes de aproximadamente 30 unidades por fornada, e podiam ser vendidas cruas, congeladas ou pré-assadas.

◦ Uma torta contaminada não implicava que todas as outras estivessem, pois eram unidades separadas.

◦ A investigação apontou a ocorrência de contaminação cruzada, onde um alimento contaminado pode facilmente transferir bactérias ou microrganismos para outros alimentos através do contato no freezer, utensílios (tábuas, facas), ou falta de higienização.

Funcionários e contratação

◦ A contratação de funcionários era irregular, muitos trabalhavam há pouco tempo (um mês, 20 dias, ou no caso de quem produziu a torta, cerca de 5 dias).

◦ Não havia registro formal (carteira assinada), indicando uma condição totalmente irregular.

◦ A padaria sequer sabia da qualificação do próprio padeiro, nem informações como onde morava ou nome completo.

Metodologia da investigação

◦ A investigação foi muito complexa, durando cerca de 4 meses.

◦ Baseou-se em laudos, aproximadamente 22 oitivas, relatórios médicos, uma junta médica, vigilância epidemiológica, e órgãos como o Ministério da Saúde e a Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais.

◦ O critério decisivo para a conclusão da contaminação foi clínico epidemiológico, observando os sintomas das três vítimas, que foram as únicas pessoas a ingerir o alimento naquela casa.

◦ É importante notar que os alimentos consumidos pelas vítimas não passaram por análise direta, pois a torta foi adquirida e devolvida rapidamente após o casal perceber os sintomas, ficando cerca de 20 minutos na casa das vítimas.

Indiciamentos e crimes

◦ Foram indiciados o proprietário da padaria e a pessoa que produziu o alimento.

◦ Os crimes atribuídos foram:

▪ Lesão corporal culposa (sem a intenção de produzir a lesão).

▪ Homicídio culposo (sem a intenção de matar).

▪ Crime de produto impróprio para consumo, conforme a Lei 8137, artigo 7º, inciso 9.

Estado Atual das Vítimas Sobreviventes (o casal)

◦ Ambos foram ouvidos na delegacia e apresentam dificuldade de visão, principalmente o rapaz, que teve a visão mais comprometida.

◦ Eles também enfrentam dificuldades neurológicas e problemas com a coordenação motora, especialmente a fina.

◦ Têm dificuldade para caminhar e para desempenhar atividades diárias.

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Graduado em Jornalismo e Direito pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Atuou como repórter das editorias de Política, Economia e Esportes antes de assumir o cargo de chefe de reportagem do portal da Itatiaia.
Jornalista formado em Comunicação Social pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UNI-BH). Na Itatiaia desde 2008, é “cria” da rádio, onde começou como estagiário. É especialista na cobertura de jornalismo policial e também assuntos factuais. Também participou de coberturas especiais em BH, Minas Gerais e outros estados. Além de repórter, é também apresentador do programa Itatiaia Patrulha na ausência do titular e amigo, Renato Rios Neto.