Vinte pessoas foram presas em Belo Horizonte durante a Operação Flanelinha, realizada pela Guarda Civil Municipal. Entre janeiro e junho deste ano, 479 pessoas foram abordadas e 25 ocorrências registradas. A ação teve como foco jogos e eventos na capital.
Nas ruas, motoristas afirmam que a abordagem de flanelinhas é frequente. O representante comercial Caio Henrique Sanchez, 36 anos, diz que a prática já se tornou rotina.
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“Estou sempre no Centro e, em praticamente todo lugar, há flanelinhas. Alguns a gente até faz amizade e ajuda, mas outros pedem dinheiro de forma mais agressiva, o que assusta. Já pago o rotativo e ainda tenho que pagar ‘o flanela’. Acho que a guarda atua muito multando o motorista, mas não olhando para essa situação”, relatou.
O comerciante Roberto Gonçalves Dias, 53 anos, conta que já teve o carro riscado após negar pagamento."Se você não dá dinheiro, eles arranham o carro. Acho isso erradíssimo”, disse.
Atividade ilegal
A atuação de flanelinhas ou guardadores de carros é proibida pelo Código de Posturas de Belo Horizonte. Apenas lavadores de veículos com cadastro junto à prefeitura têm autorização. A fiscalização é feita pela Guarda Civil Municipal, e a multa para quem atua na Avenida do Contorno é de R$ 2.400. Fora dela, o valor é de R$ 13. Em caso de flagrante ou reincidência, pode haver prisão.
O subinspetor Davidon Paulino, coordenador da operação, afirma que as fiscalizações são frequentes e que a denúncia da população é essencial.
“Informamos ao cidadão que a atividade não tem previsão legal. Fazemos a identificação e, em caso de reincidência, aplicamos a multa”, explicou.
Apesar da fiscalização, motoristas relatam que os flanelinhas chegam a cobrar via Pix e agem até mesmo em locais com posto fixo da Guarda Municipal. Uma denúncia à Itatiaia apontou que, na porta do Cine Teatro Brasil, na Avenida Afonso Pena, eles atuaram livremente sem serem abordados. O subinspetor afirma que vai apurar o caso.
“Não é de costume nossas guarnições agirem dessa forma. Pelo contrário, trabalhamos para inibir essa prática”, garantiu.
O outro lado
Na região central, a reportagem conversou com Nicodemos Júnior de Faria, que atua como flanelinha desde 1985. Ele afirma nunca ter tido problemas e diz que apenas ajuda os motoristas.
“Coloco o rotativo, arrumo vaga e o pessoal paga direitinho. Sempre trabalhei aqui na Goitacazes”, contou.