Moradores e comerciantes da esquina das avenidas Paster e Bernardo Monteiro, no bairro Santa Efigênia, região Leste de Belo Horizonte, voltam a cobrar uma solução urgente para um problema que se arrasta há anos.
O cenário de lixo espalhado pelas ruas, calçadas e pela Praça João Pessoa, nas proximidades, é resultado da atuação de catadores de materiais recicláveis que utilizam o local como ponto de separação e armazenamento dos resíduos recolhidos, inclusive com apoio da Prefeitura. No entanto, boa parte dos materiais fica abandonada, atrapalha a circulação de pedestres, causa mau cheiro e aumenta a sensação de insegurança.
Leia também:
“A situação na esquina da Paster com a Bernardo Monteiro está caótica. Há quatro anos convivemos com esse problema. É lixo acumulado, mau cheiro, cachorro latindo de madrugada e até ataques a pedestres. À noite, há brigas, presença constante da polícia e eles chegam com mais materiais durante a madrugada. Montaram barracas, há consumo e venda de drogas. É um transtorno enorme. Estamos a 100 metros do maior hospital do estado, o João XXIII”, disse uma moradora da região.
Os comerciantes também sentem os impactos. Uma farmácia precisou fechar as vitrines voltadas para a praça e deixou de abrir aos sábados por causa da sujeira. Paulo César Gonçalves Filho, gerente de uma loja na região, conta que muitos clientes evitam passar por ali.
“A maioria dos nossos clientes são idosos que vêm para consultas. Eles se intimidam. De um lado, lixo; do outro, tapumes de obras da Prefeitura. O movimento caiu muito. Quem está na parte alta da Bernardo Monteiro olha para baixo e nem quer atravessar a rua, porque parece um mar de lixo. Isso prejudica o comércio e o fluxo de pessoas”, explicou.
Segundo ele, à noite a insegurança aumenta. “Até os alunos do Colégio Arnaldo têm medo de passar por aqui. Os catadores não ameaçam ninguém, nunca pediram nada, mas a sensação de insegurança é grande. A iluminação já é ruim por causa das árvores, e com o lixo espalhado, a visibilidade piora ainda mais. Fica difícil ver o que está acontecendo do outro lado da pilha de lixo”, informou.
Procurada, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) informou, em nota, que realiza a coleta dos materiais duas vezes por semana e os encaminha para um galpão. A administração também afirmou que está em busca de um imóvel para abrigar um espaço definitivo destinado ao trabalho dos catadores. Veja a nota completa
''A PBH informa que a SLU recolhe o material triado pelos catadores na avenida Bernardo Monteiro duas vezes por semana (terça e quinta-feira), resíduos que são destinados para o galpão da cooperativa Coopesol Leste. Aos sábados, a própria cooperativa busca o material. Além da varrição rotineira, feita três vezes por semana (segunda, quarta e sexta-feira), o local também recebe uma varrição extra todos os dias pela manhã, tarde e noite. A lavação é feita quatro vezes por semana. São gastos 50 quilos de sabão e 50 litros de desinfetante na lavação, a cada semana. Aos domingos também é feita uma limpeza no local. A coleta de resíduos domiciliares é diária, de segunda a sábado.
A PBH realiza o acompanhamento do Coletivo Maladezas por meio de ações intersetoriais e tem buscado promover a proteção social e apoio ao trabalho de triagem e venda dos materiais recicláveis recolhidos por este grupo de catadores autônomos. Os catadores também são acompanhados pelo Serviço Especializado em Abordagem Social (SEAS) para acesso a direitos, como regularização da documentação civil, acesso a benefícios sociais por meio do Cadastro Único e oferta para inserção no Programa Bolsa Moradia.
A Secretaria Municipal de Assistência Social e Direitos Humanos informa que está comprometida com o aluguel do imóvel que abrigará o galpão, onde os catadores poderão fazer a triagem dos materiais.
A obra de revitalização do conjunto histórico e paisagístico da Avenida Bernardo Monteiro está na fase final. As intervenções fazem parte do Programa de Requalificação do Centro de Belo Horizonte, “Centro de Todo Mundo”, que busca qualificar a região central, ampliando oportunidades de moradia, trabalho e lazer para a população.
Com investimento de R$ 2,4 milhões provenientes de recursos próprios do município e do Fundo Municipal de Defesa Ambiental, a obra é supervisionada pela Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap). Entre as melhorias realizadas estão a troca de pisos, instalação de bancos, jardins e paisagismo, sistema de irrigação, iluminação, câmeras de segurança, placas de identificação de árvores, toldos de sombreamento, paraciclos, balizadores e pavimento elevado nas interseções, garantindo mais acessibilidade e conforto para os frequentadores. Além disso, o projeto inclui o plantio de novas espécies de árvores para recompor o paisagismo, especialmente após a perda de fícus causada por infestação de pragas na última década.’'