O jovem que engravidou Dorca Mata Rattia, que morreu aos 12 anos após passar por um parto de emergência, foi agredido por familiares dela durante o
A despedida foi realizada no Cemitério Parque da Cachoeira, em Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, e reuniu cerca de 70 pessoas da comunidade indígena venezuelana que a vítima fazia parte. Ela vivia em uma ocupação na Grande BH.
Imagens registradas pela reportagem da Itatiaia mostram o momento em que o homem é agredido por uma tia da menina. Outras pessoas intervieram e afastaram a briga.
Menina morreu após parto de emergência
A
Após dar entrada na unidade de saúde, ela foi encaminhada para o CTI (Centro de Terapia Intensiva) e passou pela cirurgia, mas não resistiu e faleceu.
Procurada pela Itatiaia, a Prefeitura de Betim informou que o
Dorca Mata Rattia era a filha mais velha de uma família com outros quatro irmãos mais novos. De acordo com lideranças comunitárias, o avô paterno do bebê deve ficar responsável pelos cuidados dele.
Quem é o pai do bebê?
Ontem, foi divulgado que o rapaz que engravidou Dorca teria 22 anos. No entanto, um membro da comunidade explicou que ele te 16 anos.
Questionada sobre a diferença, a família relatou ser comum, entre indígenas que migram da Venezuela para o Brasil, que informem idades maiores nos documentos brasileiros.
A família, porém, acredita que o rapaz seja maior de idade. Ainda que se confirme a menoridade dele, isso não o isentaria de responsabilidade, mas mudaria a forma de apuração, que passaria a ser conduzida como ato infracional.
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Segundo parte dos parentes, eles não sabiam do relacionamento entre os dois. Já outros membros da comunidade afirmaram que todos tinham conhecimento da relação.
Família descobriu gravidez há um mês, diz tio
Durante a despedida, a família contou que não sabia inicialmente que Dorca estava grávida. O tio da adolescente, Andy Ramires, relatou que a descoberta ocorreu cerca de um mês antes da morte: “A mãe dela fez um teste de gravidez comprado na farmácia. Foi aí que todo mundo ficou sabendo”, disse à Itatiaia.
Flávia Gomes, brasileira que oferece suporte à comunidade, revelou que Dorca não apresentava sinais visíveis da gestação. “Ela não tinha barriga de uma gestante de oito meses. Tanto que, quando o hospital comunicou que teria que fazer o parto, o pai se recusava a aceitar, porque acreditava que a menina estivesse grávida de dois meses”, acrescentou.
Após a descoberta, o tio contou que a mãe de Dorca passou orientações sobre como cuidar da gravidez, mas a menina começou a não se alimentar e, dias depois, passou a sentir fortes dores de cabeça. “Na sexta-feira, ela amanheceu bem, mas, no mesmo dia, com a piora da dor de cabeça, foi levada a um posto de saúde no bairro”, disse.
A mãe e a tia relataram que, apesar de terem recebido um remédio para aliviar a dor, o quadro piorou. Foi então que a família recorreu a práticas culturais da tribo. “Para tentar reverter a situação, eles realizaram rituais e orações com pessoas de fora do estado”, contou Flávia. Sem sucesso, a menina foi levada para o hospital.
Durante o funeral, algumas tradições da etnia ficaram evidentes: quando o caixão desceu à sepultura, todos os homens da família se viraram de costas, e as roupas da adolescente foram colocadas junto ao corpo, como determina o costume. Em meio ao velório, uma familiar chegou a correr atrás do rapaz suspeito e tentou agredi-lo.
Caso será investigado
Em nota, a Prefeitura de Betim afirmou que “todos os protocolos indicados para o caso foram rigorosamente seguidos” pelos médicos e a família recebeu acompanhamento contínuo de uma equipe multiprofissional, incluindo suporte psicológico.
A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) afirmou que instaurou um
“A investigação visa esclarecer os fatos e, entre outras diligências, apurar o crime de estupro de vulnerável”, informou a PCMG.