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Elevadores quebrados na Estação Vilarinho, em BH, dificultam acesso de cadeirantes

Passageiros denunciam descaso e relatam riscos diários para chegar até os ônibus. Professor cadeirante mostra saga à Itatiaia

O programa “Plantão da Cidade”, da Itatiaia, esteve nesta sexta-feira (19) na Estação Vilarinho, Região de Venda Nova, em Belo Horizonte, para acompanhar denúncias de usuários sobre a situação dos elevadores.

Segundo os relatos, um dos dois equipamentos está danificado há cerca de 20 dias. O outro também ficou inoperante por aproximadamente 15 dias e só voltou a funcionar nesta semana.

O problema atinge diretamente passageiros com deficiência e mobilidade reduzida, que se veem obrigados a circular em condições precárias para acessar a estação.

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O professor Sérgio Campos, morador de Santa Luzia e cadeirante, mostrou à reportagem a verdadeira saga que enfrenta de três a quatro vezes por semana para chegar até o trabalho em Venda Nova.

Sem os elevadores, ele precisa atravessar o Shopping Estação e descer por rampas de veículos, dividindo espaço com carros. Quando precisa subir, a situação é ainda mais grave: ele é obrigado a disputar o trajeto com ônibus articulados, levando até 15 minutos a mais para concluir o percurso, sob risco constante de acidente.

“Aqui é um descaso total com as pessoas portadoras de deficiência. A gente não sai para passear, a gente sai para produzir, e mesmo assim é tratado com esse descaso”, relatou Sérgio em entrevista à Itatiaia.

Ele explicou que, muitas vezes, é preciso se arriscar no meio da avenida. “Você viu a dificuldade que é atravessar a Vilarinho, descer no meio dos carros, sem apoio nenhum. Se estivesse chovendo, então, seria ainda mais perigoso”, disse.

Durante o registro da reportagem, uma funcionária da estação chegou a dizer que ele não poderia usar a rampa, mas não ofereceu alternativa. “Ela nem sabia que o elevador estava estragado. Poderia ter se proposto a ir na frente, sinalizar os carros, mas simplesmente falou de longe e ficou por isso mesmo”, completou.

Reclamações vão além dos elevadores

A travessia da Avenida Vilarinho também foi apontada como um desafio. Conforme os usuários, motoristas raramente param para permitir a passagem de cadeirantes.

Outra reclamação diz respeito aos ônibus de Belo Horizonte, que oferecem somente um espaço para cadeira de rodas, impedindo que duas pessoas com deficiência possam viajar juntas.

“Se um cadeirante estiver acompanhado da esposa ou de um amigo que também use cadeira de rodas, eles não conseguem andar juntos. Isso é um absurdo. Em outras cidades, os ônibus comportam até duas cadeiras, mas aqui em Belo Horizonte não. A gente procura ajuda e ninguém se interessa”, afirmou Sérgio.

Na quinta-feira (18), outra passageira cadeirante denunciou à Itatiaia um caso em que o espaço reservado a pessoas com deficiência foi utilizado por um motorista para transportar uma motocicleta dentro do coletivo, que ocorreu na segunda-feira (8). A BHTrans confirmou a ocorrência após ser questionada pela reportagem.

Em nota, a BHTrans informou que o elevador que é de sua competência está funcionando normalmente.

A Itatiaia também procurou a Superintendência de Mobilidade do Município de Belo Horizonte, mas ainda não obteve resposta sobre o assunto.

Estudante de Jornalismo no Centro Universitário Una. Passagens por assessoria política, assessoria de imprensa e TV Alterosa, onde atuou como repórter, produtor e editor do Jornal da Alterosa. Atualmente, produtor do Plantão da Cidade, na Rádio Itatiaia.