Depois de mais um voo que trouxe brasileiros deportados dos Estados Unidos, na noite desta quarta-feira (1º), agora mais de 2.000 pessoas já foram mandadas de volta para o Brasil durante o segundo governo do presidente Donald Trump. Depois de uma escala em Bogotá, na Colômbia, o avião pousou por volta das 23h no Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, em Confins, na Grande BH.
O Boeing 767 trouxe 110 brasileiros (90 homens, 18 mulheres e duas crianças). Durante o desembarque, conversamos com Ana, de 22 anos, mineira de Ipatinga, no Vale do Aço. Ela também veio dos Estados Unidos em um voo de deportados anterior e estava em Confins para receber uma jovem do Mato Grosso, com quem formou amizade no momento da detenção em solo estrangeiro.
“Então, fui pega atravessando a fronteira. Fiquei seis meses detida e fiz muitas amizades na detenção. Hoje eu vim receber uma amiga que ficou 10 meses detida e está chegando nesse voo”, disse.
A mineira contou que ficou presa com criminosos. “Nesse tempo que passei detida, muitas pessoas que são pegas por crime de fronteira, que é diferente do caso de quem é detido já vivendo lá dentro, também estavam presas. Nem todo mundo atravessa só pelo dinheiro ou por essas coisas. É triste. Igual no meu caso: eu olhava o mapa e via que estava muito perto da minha família, mas eu estava longe. Era aquela vontade de, tipo assim, querer dar um abraço, mas não consegui”, lamentou.
O voo que trouxe deportados foi o 23º organizado pelo governo brasileiro em negociação com os americanos durante o segundo governo Trump. No momento, o acordo é que, semanalmente, toda quarta-feira chegue um voo em Confins, como explica o gerente de projeto do Ministério de Direitos Humanos e da Cidadania, Paulo Víctor Rezende:
“São negociações constantes. A nossa intenção em fazer com que o voo seja semanal é evitar que as pessoas fiquem detidas por mais tempo nos Estados Unidos. Então, tem pessoas que estão há dois meses, três meses, cinco meses detidas. E a gente quer diminuir esse período de detenção, para que elas possam de fato voltar para casa, porque não são criminosas, são brasileiras que estavam lá com alguma irregularidade de documentação. O Brasil não considera imigrante como criminoso. A gente quer que essas pessoas deixem de estar presas para que possam chegar com a garantia dos seus direitos humanos até as suas casas”, concluiu.