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Corrupção no setor minerário: imagens mostram mansões, joias e carros de investigados

Armas também foram apreendidas pela Polícia Federal (PF) na Megaoperação “Rejeito”

Imagens divulgadas pela Polícia Federal monstram vida de luxo de investigados pela ‘Operação Rejeito’

A Polícia Federal (PF) cumpriu, na manhã desta quarta-feira (19), 79 mandados de busca e apreensão e 22 mandados de prisão preventiva da megaoperação “Rejeito”, deflagrada contra um esquema de fraudes em licenças ambientais envolvendo mineração em Minas Gerais. Segundo as investigações, a organização criminosa era formada por empresários, lobistas e agentes públicos que aprovavam projetos irregularmente e exploravam minério em áreas de preservação.

Imagens divulgadas pela PF mostram os agentes em condomínios de luxo, apreensão de joias, armas e carros de luxo. Os locais das ações não foram informados e nem a que investigados os bens pertenciam.

Confira:

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Entenda a Operação Rejeito

A Polícia Federal (PF) cumpriu, na manhã desta quarta-feira (17), 79 mandados de busca e apreensão e 22 mandados de prisão preventiva. Além disso, servidores públicos foram afastados e foram bloqueados ativos no valor de R$ 1,5 bilhão.

O objetivo da Operação Rejeito é desarticular uma organização criminosa investigada por crimes ambientais, corrupção e lavagem de dinheiro, relacionados com o processo de autorização da exploração de minério de ferro em Minas Gerais.

Segundo a investigação, empresários, lobistas e agentes públicos movimentavam valores bilionários por meio de empresas de fachada, propinas a servidores públicos e concessão irregular de licenças ambientais.

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“Essas autorizações eram utilizadas para usurpar e explorar irregularmente minério de ferro em larga escala, incluindo locais tombados e próximos a áreas de preservação, com graves consequências ambientais e elevado risco de desastres sociais e humanos”, detalhou a PF.

Segundo os investigadores, projetos em andamento da organização criminoso poderiam render mais de R$ 18 bilhões às mais de 60 empresas envolvidas no esquema.

Os investigados podem responder pelos seguintes crimes:

  • Crimes ambientais;
  • Usurpação de bens da união;
  • Corrupção ativa;
  • Corrupção passiva;
  • Organização criminosa;
  • Lavagem de dinheiro;
  • Embaraçamento à investigação de organização criminosa

A Operação Rejeito, iniciada em 2022, foi deflagrada em conjunto Controladoria-Geral da União (CGU) e contou com o apoio do Ministério Público Federal (MPF) e da Receita Federal.

Servidores, político e empresários: saiba quem são os alvos da operação contra mineração ilegal

O principal alvo da operação é Alan Cavalcante do Nascimento, apontado como líder da organização. Ele seria responsável pelas decisões estratégicas, movimentações financeiras e articulações com servidores públicos. Alan é considerado o maior beneficiário dos recursos ilícitos e o articulador da continuidade dos crimes.

O grupo, segundo as investigações, movimentava valores bilionários por meio de empresas de fachada, propinas a servidores públicos e concessão irregular de licenças.

Na estrutura financeira do esquema aparecem também Felipe Lombardi Martins, conhecido como o “homem da mala”, e Jamis Prado de Oliveira Junior. Ambos eram responsáveis por triangulação de valores, controle de aportes e entrega de propinas em espécie a servidores públicos, utilizando empresas de fachada.

Atuação política e institucional

As investigações da PF identificaram ainda a participação de João Alberto Paixão Lages, apontado como articulador político e institucional do grupo criminoso. Ele seria responsável por tráfico de influência, pagamentos de propina e manipulação normativa junto a órgãos ambientais e culturais.

Outro investigado é Gilberto Henrique Horta de Carvalho, acusado de atuar como lobista para impedir projetos legislativos de proteção da Serra do Curral. Há indícios de que ele recebeu valores indevidos pela atuação.

Fraudes em licenciamento ambiental

De acordo com a PF, o esquema também contava com a participação de servidores públicos estratégicos. Entre eles está Rodrigo Gonçalves Franco, presidente da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam), acusado de conceder licenças fraudulentas, manipular pareceres técnicos e cobrar propinas.

Outro alvo é Leandro César Ferreira de Carvalho, ex-gerente regional da Agência Nacional de Mineração (ANM) em Minas Gerais, que, mesmo afastado do cargo, seguia fornecendo informações privilegiadas e antecipando decisões em benefício da organização.

Servidores afastados

Como parte das medidas cautelares, servidores de diferentes órgãos ambientais e minerários foram afastados de suas funções. A lista inclui nomes ligados à ANM, à Feam, ao Instituto Estadual de Florestas (IEF) e ao Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam).

Entre eles estão:

  • ANM: Leandro César Ferreira de Carvalho, Guilherme Santana Lopes Gomes e Caio Mário Trivellato Seabra Filho.
  • Feam: Rodrigo Gonçalves Franco, Lirriet de Freitas Libório, Fernando Baliani da Silva e Arthur Ferreira Rezende Delfim.
  • IEF: Breno Esteves Lasmar, diretor-geral do órgão e presidente da Câmara de Proteção da Biodiversidade (CPB).
  • Copam: Fernando Benício de Oliveira Paula, conselheiro representante da sociedade civil.

Segundo a investigação, apesar de constarem na lista de afastamento, Rodrigo Gonçalves Franco e Leandro César de Carvalho também tiveram prisão preventiva decretada, devido à gravidade das condutas e ao risco de reiteração criminosa.

Imagens divulgadas pela PF mostram os agentes em condomínios de luxo, apreensão de joias, armas e carros de luxo. Os locais das ações não foram informados.

Além dos mandados, a operação, batizada de ‘Rejeito’, determina o afastamento de servidores públicos, bloqueio e sequestro de bens no valor de R$ 1,5 bilhão e suspensão das atividades das pessoas jurídicas envolvidas, conforme decisão da Justiça Federal em Minas Gerais. O objetivo é desarticular uma organização criminosa responsável por crimes ambientais, corrupção e lavagem de dinheiro.

Segundo a corporação, a quadrilha também atuou para neutralizar a ação do estado, dificultando investigações e monitorando autoridades. Além disso, utilizou diversos artifícios para lavar o dinheiro obtido com as práticas ilícitas.

“Calcula-se que as ações criminosas do grupo investigado renderam, ao menos, um lucro de R$ 1,5 bilhão. Ressalta-se, ainda, que a investigação identificou projetos em andamento vinculados à organização criminosa com potencial econômico superior a R$ 18 bilhões”, acrescentou o texto.

Maic Costa é jornalista, formado pela UFOP em 2019 e um filho do interior de Minas Gerais. Atuou em diversos veículos, especialmente nas editorias de cidades e esportes, mas com trabalhos também em política, alimentação, cultura e entretenimento. Agraciado com o Prêmio Amagis de Jornalismo, em 2022. Atualmente é repórter de cidades na Itatiaia.