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Atraso na compra de livros pelo MEC deve prejudicar alunos da rede pública e afetar rotina escolar

Sem aquisição até agosto, material pode não chegar a tempo; especialistas apontam prejuízo à formação dos alunos e desrespeito à legislação

Segundo as editoras, se o processo não for concluído até o mês de agosto, não haverá tempo hábil para a produção e entrega dos materiais didáticos antes do início das aulas

O Ministério da Educação (MEC) ainda não adquiriu os livros didáticos de História, Geografia e Ciências para o ano letivo de 2026. Segundo editoras do setor, se o processo de compra não for concluído até agosto, não haverá tempo hábil para produção e entrega dos materiais antes do início das aulas. Até o momento, o MEC decidiu adquirir apenas os livros de Português e Matemática para os primeiros anos do ensino fundamental em 2026.

Para o sociólogo e presidente do Instituto Cultus Rudit, Rudá Ricci, essa decisão reflete uma compreensão equivocada sobre o papel das demais disciplinas na formação dos estudantes.

“Há uma concepção errada no Brasil, inclusive no MEC, de que só Português e Matemática são fundamentais, por conta do Ideb, que avalia apenas essas áreas. Mas isso é um equívoco. Pesquisas, como as do neurologista Howard Gardner, de Harvard, mostram que existem múltiplas inteligências – espacial, corporal, intrapessoal, interpessoal – que não estão necessariamente ligadas à inteligência matemática. Acreditar que só essas disciplinas são centrais é cientificamente incorreto”, afirma.

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Já o professor da PUC Minas, Carlos Roberto Jamil Cury, destaca que a demora na compra dos livros compromete a formação integral dos alunos.

“A legislação determina que o material didático deve ser disponibilizado para toda a educação básica. O artigo 26, por exemplo, destaca a obrigatoriedade do ensino de História, e isso se repete nos artigos 32 e 70 da LDB. Ao priorizar apenas Português e Matemática, o MEC contraria o que estabelece a legislação e prejudica a formação cidadã prevista na Constituição”, critica.

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De acordo com representantes do setor editorial, as obras de Ciências, História, Geografia e Artes já foram avaliadas e aprovadas, mas ainda não tiveram a compra autorizada pelo MEC.

A Itatiaia procurou o Ministério da Educação, que informou, por meio de nota, que a demanda está sob responsabilidade do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).

O FNDE informou que ''considerando o cenário orçamentário desafiador e a importância inequívoca de manutenção do PNLD para a Educação pública do Brasil, o FNDE adotou a compra escalonada como estratégia para o ensino fundamental, atendendo a uma demanda das redes de ensino e em consonância com a avaliação das equipes pedagógicas do programa, começando pelas áreas de Língua Portuguesa e Matemática, e complementando posteriormente com obras das demais áreas.’'

Ainda segundo o órgão, as compras para a EJA, cuja licitação está em fase final, estão garantidas. “As estratégias para o Ensino Médio serão definidas na sequência”, finalizou a nota.

Apaixonado por rádio, sou um bom mineiro que gosta de uma boa conversa e de boas histórias. Além de acompanhar a movimentação do trânsito, atuo também na cobertura de vários assuntos na Itatiaia. Sou apresentador do programa ‘Chamada Geral’ na Itatiaia Ouro Preto.