A cidade de Belo Horizonte foi oficialmente inaugurada em 12 de dezembro de 1897. No entanto, a história do território escolhido para construir a cidade planejada, o antigo arraial de Curral del-Rey, começa muito tempo antes, em 1701.
O livro “Largo do Rosário - Do Arraial dos Pretos à Cidade dos Brancos”, organizado pelo professor, doutor e padre Mauro Luiz da Silva, pretende contar parte da história deste território, que deu origem a Belo Horizonte. O lançamento será na capital mineira, em eventos nos dias 18, 22 e 23. A distribuição da obra será gratuita (veja detalhes abaixo).
Lacunas
A história do Curral del Rey ainda tem muitas lacunas a serem preenchidas pelo trabalho dos historiadores. Pesa a escassez de informações e o pouco interesse na época da construção da capital planejada em preservar a memória daquele arraial.
Apesar disso, iniciativas têm sido desenvolvidas para resgatar memórias perdidas. Uma delas é a pesquisa de Mauro Luiz da Silva, que vem desvendando parte da história da população do Curral del Rey.
De acordo com dados divulgados pelo Iphan, o bandeirante João Leite da Silva Ortiz chegou à Serra de Congonhas à procura de ouro por volta de 1701, no início do século XVIII. Ali se estabeleceu a Fazenda do Cercado, que virou ponto de descanso para os viajantes que se aventuravam em direção às minas de ouro e pedras preciosas.
Foi a fazenda que deu origem ao pequeno arraial conhecido como Curral del Rei, que logo foi elevado a distrito. Ele recebeu o nome de Nossa Senhora da Boa Viagem do Curral del Rey em 1750.
Do arraial à cidade planejada
Padre Mauro defendeu uma tese de doutorado sobre o tema na PUC Minas em 2021. Na pesquisa, analisou mapas do arraial e da cidade planejada, e conseguiu identificar o deslocamento dos habitantes do Curral Del Rey rumo às periferias, principalmente pessoas pretas e pardas.
Uma das descobertas foi o processo que levou à demolição da antiga Capela do Rosário e construção da atual Capela Curial Nossa Senhora do Rosário, finalizada em 1897, onde hoje é o centro de BH.
Padre Mauro acredita que resgatar as memórias da época de formação da cidade é uma forma de superar o apagamento sofrido pela população e sua cultura. " “Imagina uma criança desenhando a capela do Rosário? Que eu só fui saber da existência aos 50 anos. Foram causados danos pela negligência, por aqueles que não nos contaram essa história para a formação da minha identidade. Mas as crianças que já têm acesso a essa informação terão um futuro diferente do meu”, compara.
Serviço:
Livro: “Largo do Rosário - Do Arraial dos Pretos à Cidade dos Brancos”
Organizador: Mauro Luiz da Silva
Datas:
18/02 (Terça-feira), às 20h, no MUQUIFU
22/02 (Sábado), às 10h, no Museu Histórico Abílio Barreto
23/02 (Domingo), às 10h, na Biblioteca Comunitária Renascença
* O livro terá distribuição gratuita nestes eventos
Mais informações na página do projeto Negricidade em instagram.com.br/negricidade